Hora de se preparar alérgicos, uni-vos!

O que fazer neste período pré-inverno para evitar crises

texto: Evelin Azevedo/infoglobo | infográfico: divulgação/infoglobo

O inverno chega daqui a dois meses, e as temperaturas tendem a cair cada vez mais. A próxima estação é a mais temida por quem tem alergias respiratórias, como asma e rinite. Mas para algumas pessoas, nem é preciso esperar o frio aumentar para sofrer com sintomas como espirros, tosses, coriza e entupimento do nariz. Para amenizar as reações alérgicas, às vezes desencadeadas por uma mudança brusca de clima, especialistas aconselham, entre outras coisas, a manter o tratamento regular mesmo antes das crises.
“Não temos como interferir no clima, apenas no nosso comportamento. Quem tem problemas respiratórios crônicos deve fazer uso contínuo dos seus medicamentos, porque a melhor forma de prevenção é o controle da doença. Manter o tratamento regular vai fazer o paciente ficar menos suscetível às crises” – afirma Mauro Gomes, diretor da Comissão de Infecções Respiratórias da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia.
Um dos principais desencadeadores de crises alérgicas respiratórias são os ácaros (animais minúsculos que se alimentam de pele humana), que se alojam em almofadas, colchões e roupas guardadas por muito tempo. Limpar adequadamente os ambientes, lavar as roupas de cama e de uso pessoal são medidas eficazes para combater este pequeno monstro.
“As alergias respiratórias estão relacionadas ao processo inflamatório da mucosa de todo trato respiratório. Vários fatores podem desencadear isto, como ácaros, pelo de animais e mofo, por exemplo. E, no inverno, as temperaturas mais baixas tornam, em algumas pessoas, a mucosa do aparelho respiratório mais reativa” – explica a pediatra Renata Setti, coordenadora médica do transporte do Grupo Prontobaby.

Infecções virais preocupam mais em asmáticos
Outra preocupação que os alérgicos respiratórios precisam ter é com a transmissão de infecções virais, como a gripe, por exemplo.
“Diante de infecções virais, os pacientes alérgicos sofrem mais. As crises de asma e rinite se complicam mais com quadros infecciosos” – alerta Ekaterini Simões Goudouris, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia Regional Rio de Janeiro (ASBAI-RJ).
Por conta disso, o Ministério da Saúde incluiu pessoas que sofrem com pneumopatias, incluindo a asma, como público-alvo da Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe, que começou na segunda-feira (23).
“Além de tratar a alergia durante o ano todo, no inverno temos que tomar medidas para nos protegermos das infecções virais, como tomar a vacina contra a Influenza, evitar aglomerações de pessoas, lavar as narinas com soro fisiológico, evitar ficar perto de pessoas que estejam doentes e lavar as mãos frequentemente” – recomenda Ekaterini.

Depoimento – Ana Carolina Tosto, jornalista, 32 anos

Tenho rinite alérgica e descobri quando tinha 4 anos. Desde então, fiz uma série de tratamentos, como vacinas e homeopatia. Minha família mudou todo o ambiente da casa, trocando carpetes por piso, tirando cortinas, eliminando bichos de pelúcia e almofadas. Nunca fiquei curada, mas os sintomas foram controlados. Nasci em Nova Friburgo (Região Serrana) e, toda vez, a situação se agravava bastante quando o inverno chegava. Desde que me mudei para o Rio, há 10 anos, o quadro melhorou um pouco, mas nunca consegui ficar um inverno sequer totalmente imune aos sintomas. Ainda no outono, procuro separar e lavar todos os casacos, cachecóis, meias e lenços que vou usar no inverno. Ainda que no Rio não faça um frio rigoroso, costumo lavar até mesmo os casacos mais leves.