Pensamentos & Reflexões Solidão

Daniela Pioli
Psicoterapeuta – CRP: 06/57744-0

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A palavra solidão nomeia um estado que não é sentido da mesma forma por todo indivíduo, para alguns ela é o decreto dos travesseiros pesados, das tristezas profundas, do vazio sem palavras. Já para outros ela é um estado desejado, planejam os momentos em que enfim conseguirão ficar a sós, para usufruírem plenamente de pequenos prazeres e ter compreensões íntimas.
Estar só impõe a companhia de si mesmo e não advém somente do estado solitário, mas das fantasias que a povoam: das culpas, mágoas, insatisfações, frustrações, enfim, não importa a música alta, a bebida, a companhia que tenta nos fazer sorrir: sentimo-nos sós em meio a tanta gente.
A solidão não é algo que podemos escolher ou abandonar: somos solitários. Afinal cada um é único e não é possível dividir com outra pessoa de forma plena todas as sensações, percepções e transformações internas que sentimos. O prazer e a alegria extraídos da solidão ocorrem quando possuímos um mundo interno povoado, rico em palavras, em boas lembranças que nos fortalecem, por meio da compreensão de nossa história. É possível estar verdadeiramente com o outro quando se sabe estar só.  Clarice Lispector (1996) se pergunta: “amor será dar de presente um ao outro a própria solidão? Pois é a coisa mais íntima que se pode dar de si” (p.155). Dar a solidão é poder entregar-se integralmente. Como saber amar o outro se não se ama a própria história?