Greta Gerwig explora ritos de passagem

Lady Bird – A Hora de Voar

Se fosse um livro, Lady Bird – A Hora de Voar seria daqueles que você começa a folhear, despretensiosamente, e, quando percebe, está imerso na história e a ponto de terminá-la, maravilhado.
Não que o filme seja revolucionário, tenha reviravoltas mirabolantes ou siga em um ritmo inovador. Ao contrário. A história, que acompanha o amadurecimento de uma garota de 17 anos ao longo do último ano escolar, é simples. E, talvez, este seja o grande mérito de Greta Gerwig, que, com seu primeiro longa solo (ela assina também o roteiro), chega ao Oscar 2018 disputando cinco estatuetas, incluindo a de melhor direção.
Com sensibilidade poética, Greta se volta para um enredo conhecido – as dificuldades e os ritos de passagem da adolescência para a vida adulta. E, para construí-lo, utiliza um pouco de sua própria experiência de vida.
Como ela, a protagonista Christine (Saoirse Ronan) é nascida em Sacramento, na Califórnia, no seio de uma família liberal, e consegue, com o esforço de seus pais, estudar em um colégio católico particular. Sob o pseudônimo de ‘Lady Bird’, a garota, que tem uma veia artística latente, se vê em meio às descobertas típicas da idade – as obrigações na escola; o primeiro namorado; e a influência dos amigos. Mas é a relação turbulenta com a mãe (Laurie Metcalf) que dita o ritmo dos acontecimentos.
Permeada por diálogos naturais – e com comicidade na dose exata -, a relação entre as duas, que dão um show de atuação, é a base para um filme deliciosamente cativante. Você vai se emocionar.