Saúde Feminina – Menstruar ou não menstruar

Especialistas alertam para disfunções que podem ser causadas

texto: Evelin Azevedo/infoglobo | foto: divulgação

Você, mulher, gosta de menstruar? Resultado de uma pesquisa do Datafolha, realizada pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), em parceria com a Bayer, mostrou que 85% das brasileiras menstruam todos os meses. Dentre elas, 45% dizem gostar de passar por esse processo, que ocorre quando a mulher ovula, mas não engravida. O principal motivo: “se sentir saudável” (39%). Mas, menstruar todo mês faz bem para a saúde feminina? “O principal fator para esta estimativa é o aumento da idade média da população. Com mais pessoas idosas, a prevalência de algumas doenças que causam a cegueira é muito maior”, afirmou Paulo Augusto de Arruda Melo, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
“A natureza não fez a mulher para menstruar, mas sim para engravidar. Menstruar todo mês durante anos não é o ideal para a saúde da mulher” – afirma José Bento, ginecologista e obstetra dos hospitais Albert Einstein e São Luiz.
Além dos desconfortos mensais, como cólicas e oscilações de humor, a longo prazo, a menstruação pode contribuir para alguns problemas de saúde.
“Seria muita pretensão nossa colocar a menstruação como algo ruim ou dizer que a natureza se equivocou em relação a isso. O fato é que ela traz uma série de sintomas que atrapalham a vida da mulher” – explica César Fernandes, presidente da Febrasgo.
De acordo com a pesquisa, 89% das brasileiras entre 18 e 35 anos se sentiriam confortáveis em poder decidir quando menstruar. Existe um método chamado de ‘ciclo estendido’ em que a mulher faz uso contínuo de pílulas anticoncepcionais, sob orientação médica, para impedir a menstruação.

 

Ciclo estendido e chance de trombose

O ciclo estendido, entretanto, prevê o uso de medicamentos que muitas mulheres querem distância: as pílulas anticoncepcionais. Por conta da divulgação de casos de trombose (formação de um coágulo na veia que pode se desprender e se movimentar na corrente sanguínea, havendo a possibilidade de o coágulo ficar preso no cérebro, pulmões ou coração e provocar lesões, podendo matar) relacionados ao consumo destes medicamentos, algumas mulheres optam por outros métodos.
Segundo César, usar anticoncepcionais dobra o risco de ter trombose, mas não faz diferença se o uso for em um ciclo normal ou estendido.
“A incidência da trombose em uma mulher saudável que não toma pílula é de 4 para dez mil ao ano. Nas que tomam, passa a ser 8. Com o ciclo estendido o risco continua o mesmo, pois as pausas não interferem em nada” – afirma o especialista.