Mulher Maravilha estreia

Heroína da DC ganha história de origem forte

Amazona foi mandada ao ‘mundo dos homens’ para propagar a paz, sendo a defensora da verdade e da vida na luta entre os homens
Amazona foi mandada ao ‘mundo dos homens’ para propagar a paz, sendo a defensora da verdade e da vida na luta entre os homens

Ao sair de uma tenda montada no interior do estúdio da Warner Bros., nos arredores de Los Angeles, Gal Gadot foi surpreendida por um grupo de jornalistas à sua espera. “Ops”, disse a atriz de 32 anos, esquivando-se para os fundos do espaço para trocar as pantufas que usava nos pés por sapatos não tão confortáveis, porém mais aceitos em um ambiente razoavelmente glamouroso como de Hollywood.
Atriz israelense com passagem pelo exército do seu país e especialização em combate corpo a corpo, Gadot ainda não parece ter sido picada pelo bichinho responsável em transformar estrelas em ascensão em personalidades indigestas. “A única coisa que disse a Gal quando terminamos as filmagens é: ‘você não precisa ser uma Mulher Maravilha todos os dias’”, contou Patty Jenkins, diretora de Monster: Desejo Assassino e responsável por comandar a atriz em Mulher Maravilha.
É o primeiro filme dedicado a uma das mais importantes personagens dos quadrinhos, ao lado de Batman e Superman, 76 anos depois da sua criação nas HQs. “Não sou inocente e me preocupo com o que ela vai ter que enfrentar. Eu a acho tão maravilhosa. E vai passar por uma viagem bem esquisita”, completa.
Gal Gadot é uma nova estrela improvável. Era uma desconhecida para o grande público até o anúncio de que interpretaria a amazona capaz de derrotar exércitos sozinha, há quatro anos – o que gerou alguma repercussão negativa por parte dos fãs. Sua escalação é fora da caixinha do que se estabeleceu em Hollywood: uma atriz estrangeira, não nascida nos Estados Unidos ou Europa. Seu inglês não é nativo e, além de funcionar para a personagem que vive em uma ilha localizada no Mediterrâneo, a pronúncia às vezes escorregada na língua confere humanidade à atriz.
Sua missão será dura. Embora Jennifer Lawrence já tenha mostrado aos executivos da indústria do entretenimento que é possível ter uma mulher forte à frente de um blockbuster com Jogos Vorazes, a mentalidade demorou para mudar quando o assunto eram as adaptações das histórias dos super-heróis dos quadrinhos para as telonas. Desde que a nova e bem-sucedida safra veio à tona, com o primeiro Homem de Ferro, de 2008, foram incontáveis filmes, nenhum protagonizado por uma mulher – e, neles, as personagens femininas tiveram pouquíssimo destaque; nem mesmo Scarlett Johansson foi capaz de sobressair em Os Vingadores.
Gadot, que mostrou um pouco de sua Mulher Maravilha em uma breve e importante participação no filme Batman vs Superman: A Origem da Justiça, ainda está surpresa ao ver seu rosto, sozinho, nos pôsteres de divulgação do longa. Diz ter tomado um susto ao ver sua própria imagem em um anúncio enorme na Times Square, em Nova York.
Ao ser questionada sobre a importância da personagem na carreira e se teme ficar marcada como Mulher Maravilha para sempre, ela sorri. “Consegui esse trabalho dos sonhos, é isso que eu penso”, diz. “Adoro o fato de vermos a evolução da personagem, de uma jovem idealista no começo, alguém que acredita na bondade. É inocente. E, aos poucos, ela vai entendendo a complexidade da vida.” Mãe de duas meninas, a mais nova nascida há dois meses, Gadot sabe da importância de fazer de Mulher Maravilha um sucesso de crítica e público. Mas não é tudo. Para ela, e contrariando as indicações da diretora do filme, é mais importante ser Mulher Maravilha com a própria família. “Meu maior personagem na vida ainda é ser mãe.”