Famosas aderem a polêmica moda de ingerir placenta

Kim Kardashian também está tomando cápsulas de placenta foto: divulgação
Kim Kardashian também está tomando cápsulas de placenta
foto: divulgação

Conhecida pela personalidade excêntrica, a socialite americana Kim Kardashian ousou novamente: depois de dar à luz seu segundo filho, que acaba de completar 1 mês, ela começou a ingerir a própria placenta transformada em cápsulas. No exterior, a prática é moda entre celebridades, que acreditam obter benefícios como melhora na produção de leite, aumento da energia e disposição, prevenção da depressão pós-parto e ganho de vitalidade na aparência da pele, das unhas e dos cabelos. No entanto, de acordo com médicos, não há qualquer comprovação científica de que isso funcione.
Segundo a ginecologista Rita Sanchez, coordenadora da maternidade do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, a placenta é um órgão formado, basicamente, por vasos e microvasos sanguíneos. Por essas estruturas, circulam grande quantidade de nutrientes, que passam da mãe para o feto, e de hormônios como estrogênio, progesterona e ocitocina, cuja produção pelo organismo feminino é maior durante a gravidez.
“Contudo, após o parto, os vasos sanguíneos acabam esvaziando, e a placenta não tem células que mantenham essas substâncias ali. Não há comprovação científica que, de alguma maneira, nutrientes e hormônios possam permanecer no tecido depois”, explica Rita Sanchez.
“A placenta é como qualquer outro tecido humano, não há nada de especial nela. Não existe indicação médica para ingeri-la”, afirma o ginecologista, obstetra e fertileuta Paulo Gallo, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

PRODUÇÃO
O serviço de transformar a placenta em cápsulas é oferecido por algumas empresas no exterior, que recolhem o material no hospital após o parto e o processam em laboratório. Primeiro, o órgão é desidratado e, em seguida, moído, para que o pó seja prensado. Um dia depois de dar à luz, a mulher já pode ter as pílulas nas mãos.
De acordo com Rita Sanchez, a placenta não deve ser transportada fora de ambiente hospitalar, já que contém sangue e pode estar contaminada.
“As pessoas fazem confusão porque, em outras espécies de mamíferos, a mãe come a placenta depois do nascimento do filhote. Os animais fazem isso para o neném ficar livre, não porque é saudável – diz Paulo Gallo, que também é diretor médico do Vida”, Centro de Fertilidade da Rede D’Or.
“Comer a placenta também impede que fiquem vestígios de parto, o que atrai predadores”, completa Rita.
Para aumentar a produção de leite, os médicos recomendam beber bastante água, manter uma alimentação equilibrada, evitar o estresse e aproveitar o máximo possível os momentos de descanso.