Dicas para curtir Porto de Galinhas

Se você pensa em conhecer o lugar, já prepare a roupa de banho

TEXTO: Por BRUNA TONI/agência ESTADO | FOTOs: divulgação
TEXTO: Por BRUNA TONI/agência ESTADO | FOTOs: divulgação

O nome Ipojuca lhe é familiar? Talvez você imagine que jamais tenha ouvido falar nessa cidade, então melhor apresentá-la pelo nome que lhe deu fama e que, na verdade, batiza um de seus bairros: Porto de Galinhas. Agora sim, não é?
Um dos destinos mais visitados do país, Porto não tem tempo ruim. Em 2016, mesmo com a crise, a taxa de ocupação de seus 15 hotéis e 200 pousadas no primeiro semestre foi de 70%, segundo seu Convention & Visitors Bureau. Além disso, os únicos meses mais tranquilos por lá são maio, junho e agosto – quentes, mas chuvosos.
Qual o segredo do sucesso? Nos meus quatro dias no destino (tempo mínimo para conhecê-lo bem), encontrei três razões convincentes. A primeira: manter uma estrutura que atende quem quer visitar a badalada praia sem perder o luxo da privacidade, pagando bem por isso, e também quem tem orçamento limitado. A segunda: estar perto do aeroporto do Recife e ser ótimo ponto de partida para explorar outros destinos, como Maragogi.
A beleza singular de Porto pode às vezes ficar escondida em razão da quantidade de visitantes – mas acredite, ela está lá. Eis a terceira razão para visitá-la. As outras estão a seguir.

PASSEIOS
Jangada nas piscinas naturais: a água esverdeada da Praia da Vila de Porto de Galinhas, no centro, é coberta por jangadas de todos os tipos, nomes e cores. Ali, ao lado de seus fiéis jangadeiros, elas aguardam turistas diariamente para um curto trajeto de cinco minutos até as mais movimentadas (e próximas da costa) piscinas naturais de Ipojuca.
Entre os arrecifes onde ouriços brincam de esconde-esconde com os jangadeiros, que sempre os exibem nas palmas das mãos, buracos de areia são preenchidos por águas verdinhas e tranquilas no meio do oceano. Claro que falar em tranquilidade em um dos pontos turísticos mais famosos da cidade não quer dizer vazio, e boa parte dos corais demonstra os sinais do excesso de visitantes. Mas, de posse de seu snorkel, geralmente concedido pelo próprio jangadeiro, encontre um cantinho para chamar de seu por alguns minutos.
Na maré baixa, mesmo sem a máscara, é possível se divertir com os peixinhos saberés (sargentinho para os paulistas), que seguem insistentemente os movimentos dos pés e mãos de quem vem visitá-los – se for beliscado por eles, não se zangue. Afinal, você é o intruso.
Os passeios duram de 45 minutos a 1 hora e os ingressos são vendidos na cabine em frente à praia. Cada jangada da Associação de Jangadeiros leva até seis pessoas a R$ 25 cada.
Outras praias: Os 18 quilômetros de faixa litorânea que contornam a cidade de Ipojuca se dividem em sete praias além da Praia da Vila, cada uma com sua particularidade.
Porto de Galinhas, por exemplo, é para quem quer badalar e ficar pertinho do centro comercial da cidade. Mas a grande diferença entre elas está mesmo na presença ou ausência de arrecifes de corais.
Nas praias do Borete e de Maracaípe, a falta deles garante muita diversão aos surfistas, principalmente nesta última, que conta com ondas gigantes e leva campeonatos de surfe à região. Já as praias com arrecifes, como Cacimbas e a própria Porto de Galinhas, garantem a diversão das piscinas naturais.
Para quem quer um pouco de cada, vá à Praia do Cupe: lá há ondas para surfistas e outra área com piscinas. É nela também que se concentra a maior parte das casas e apartamentos de veraneio e boa parte dos ninhos de tartarugas. Se sua escolha for se hospedar em um dos resorts da cidade, seu lugar é a Praia de Muro Alto, com a melhor infraestrutura hoteleira e clima bem familiar. Para praticar esportes, como kitesurfe, por exemplo, as praias de Camboa e do Pontal de Maracaípe são as ideais.
Bugue: Percorrer caminhos de areia fofa, onde carros normais não se atrevem a ir e, de quebra, encontrar paisagens mais inacessíveis, percebendo o vento contra o rosto, dá sempre aquela sensação de energias renovadas. Em Ipojuca, o trajeto dos aproximadamente 350 bugueiros associados costuma ir de ponta a ponta, como eles dizem, parando em quatro das nove praias da cidade: Cupe, Muro Alto, Maracaípe e Pontal de Maracaípe. Paradas para fotografar e mergulhar nas águas mornas da faixa litorânea estão no roteiro clássico, que dura em média 3 horas e custa R$ 250 o casal. Se quiser passar o dia, negocie. Os contatos para contratar o passeio são (81) 98333-4715 ou (81) 99910-7376, mas os hotéis costumam oferecer o serviço aos hóspedes.

ONDE COMER
Barcaxeira: Nossa primeira imersão na gastronomia local foi demorada, mas compensadora. Com um ambiente colorido e cheio de inventividades – porta de banheiro feita de retalhos, guardador de talheres imitando um bolso de calça jeans, plantas de cabeça para baixo no teto -, o Barcaxeira prende a atenção durante a espera – um tanto demorada – pelo prato. “É tudo feito na hora”, justifica um colega recifense conhecedor da casa.
Um banquinho e um violão deixam a trilha sonora na altura adequada, distraindo os clientes enquanto seu famoso escondidinho – de macaxeira, claro – não chega. Porque quando chega, é o silêncio que reina. O tradicional, com carne de sol (e não de carne-seca, como estão acostumados os paulistas), custa R$ 54 e serve duas pessoas. Carne de sol à parte, o que conquistou mesmo foi o de camarão (R$ 80,90, para dois).
La Crêperie: O nome já deixa clara a especialidade da casa. Com mesinhas ao ar livre bem no centro da vila, o restaurante capricha nos pratos e na variedade: tem de shitake, queijo Gruyère, sorvete de tapioca, limão, Nutella… Este último, aliás, de comer rezando. No cardápio há também mais de 30 tipos de saladas e opções sem glúten (com acréscimo de R$ 5). Os pratos, individuais, custam em torno de R$ 25.
Bar da Praia Pontal do Cupe: Você pode até não apostar muito nesse restaurante-quiosque à beira-mar. Embora a atmosfera seja simples, os pratos são bem elaborados e têm alta qualidade.
Quem chega pelo lado oposto ao da praia, onde há espaço para estacionar, até encontra alguma decoração, com placas de frases engraçadinhas (e outras nem tanto). Já sentado (sob o guarda-sol ou em uma das mesas cobertas), comece pela caipirinha de umbu-cajá – foi a mais nobre descoberta da fruta cantada nos versos de Alceu Valença. O caldinho de feijão ou de peixe servido no copinho plástico (R$ 9,90) e o sushi de tapioca (enroladinho de massa de tapioca, recheado com cream cheese e coberto com gergelim e melaço; R$ 15,90) também caem muitíssimo bem.
Não faltam opções de prato principal. Todos servem bem duas pessoas, do arroz de polvo à caldeirada e moquecas de peixe e camarão (R$ 119,90 cada). Se você é daqueles que não dispensa a carne, saiba que há até carneiro na brasa no cardápio.
João Restaurante: Se o melhor fica sempre para o final, não sei. Mas foi no último dia de viagem que tivemos o almoço mais surpreendente.
Há sete anos, João, o dono do restaurante, decidiu erguer as muretinhas de seu quarto restaurante, dessa vez na Praia de Maracaípe, a três quilômetros da vila. A seu favor, contou com o astral descontraído do ponto que atrai surfistas diariamente, e uma pretensiosa atmosfera hippie nas construções que dividem a área com ele.
Mas João foi além: instalou redes coloridas nas árvores que cercam o restaurante, uma piscina para os clientes, caprichou no sabor dos pratos e no atendimento. Resultado: criou o melhor restaurante para se comer bem e relaxar que visitamos, no estilo ‘low profile’, como ele mesmo gosta de classificar.
Não ouse sair sem provar a caipirinha de cajá com manjericão ou a de manga com pimenta rosa, duas especialidades da casa. A porção de bolinhos de feijoada instigam o paladar (R$ 17,70, com oito unidades). De prato principal, escolha entre o peixe cioba acompanhado de creme de jerimum; macaxeira; arroz com castanha; carne de sol de picanha ou a moqueca Banana da Terra, delícia que serve dois por R$ 89,50.

Assim como Porto de Galinhas, Maragogi tem como principal atração as piscinas naturais
Assim como Porto de Galinhas, Maragogi tem como principal atração as piscinas naturais

BATE-VOLTAS
Carro alugado é uma boa opção para curtir algumas das atrações próximas – seja em um bate-volta ou esticando um pouco mais a viagem.
Praia dos Carneiros – 53 km de distância: A pequena vila de Tamandaré, onde fica a Praia dos Carneiros, é um achado pernambucano daqueles que fazem não querer ir embora nunca mais. Bem mais tranquila que a vizinha Porto de Galinhas, seus oito quilômetros de areias branquinhas e piscinas naturais em verde transparente são um pouco menos disputados e, como consequência, mais preservados. Segundo alguns jangadeiros do local, aliás, é comum certas agências colocarem em seus catálogos fotos de Carneiros como se fosse Porto de Galinhas.
De alguns anos para cá, apesar de haver acesso público e gratuito para quem chega a Carneiros andando, a maior parte dos caminhos que levam à praia são dominados pelos hotéis, que cobram para que você, não sendo hóspede, o atravesse e utilize seus serviços. Indo de carro, é preciso pagar para parar, seja no estacionamento de uma propriedade particular com entrada para a praia, seja no estacionamento de seus restaurantes – no Bora Bora.
Recife – 61 km de distância: Normalmente, quem vai a Porto de Galinhas chega pelo aeroporto do Recife – localizado, na verdade, em Jaboatão dos Guararapes. Mas vale a pena colocar a capital pernambucana, a apenas 1 hora de distância, no seu radar.
Vale perambular pelo recém-renovado Recife Antigo, principalmente se for sua primeira passagem pela cidade ou se fizer mais de três anos que você não passa por lá.
Com o processo de revitalização, o centro antigo ganhou outros ares, está mais limpo e convidativo. Visite os bonecos gigantes que desfilam nos carnavais da cidade na Embaixada de Pernambuco – Casa dos Bonecos Gigantes; o museu interativo Cais do Sertão, que resgata a cultura do sertanejo e faz uma homenagem a Luiz Gonzaga; o Paço do Frevo e o Centro de Artesanato de Pernambuco, com peças únicas – no mesmo complexo, fica um ótimo restaurante por quilo chamado Bistrô e Boteco.
Se tiver tempo extra, estique até a vizinha Olinda, tão próxima do Recife que nem dá para perceber que você mudou de cidade – em uma manhã, é possível percorrer seus pontos principais.

Maragogi – 87 km de distância: É verdade que Maragogi é menos vantajosa para um bate-volta a partir de Porto de Galinhas do que Carneiros. Por isso, o melhor mesmo é combinar os dois destinos na mesma viagem, dividindo a hospedagem entre ambos. Ainda assim, com alguma organização (e muita disposição) é possível passar um dia agradável por lá.
Assim como Porto de Galinhas, Maragogi tem como principal atração suas piscinas naturais, mas com um diferencial relevante: abriga a maior delas, as chamadas galés. Catamarãs levam os turistas em um trajeto de 20 minutos – as operadores funcionam em restaurantes, como o Frutos do Mar. Se for para ficar apenas um dia, é imprescindível reservar seu lugar com antecedência: há um limite diário de visitantes nas galés para preservação dos corais. Por isso, nenhuma operadora faz o passeio todos os dias. Em troca, levam a outras piscinas, como Taocas e Barra Grande. Outros pontos interessantes de Maragogi: a bela Praia do Burgalhau e Japaratinga.
Saia cedo de Porto para chegar a Maragogi ainda com a maré baixa e, sem carro, contrate o serviço de receptivos: na Lucky, o passeio sai cinco dias por semana e dura 8 horas.