Do alto de sua herança – Equador

Rota costeira vai de Montañita até a vila de Mompiche

Maior cidade do país, Guayaquil é uma metrópole com evidentes problemas urbanos e sociais ainda por serem superados
Maior cidade do país, Guayaquil é uma metrópole com evidentes problemas urbanos e sociais ainda por serem superados

 

 

 

 

Da costa do Pacífico à Cordilheira dos Andes, fui da metade do mundo a um universo de culturas milenares. Confesso, mal sabia o que me esperava ao embarcar rumo ao Equador, destino que, desde o ano passado, ganhou ligação direta com São Paulo graças ao voo sem escalas a Quito (às terças, quintas e sábados). Do país cortado pela linha imaginária que divide o planeta em dois hemisférios emendei o norte do Peru, área em que as civilizações anteriores até os incas deixaram um mar de resquícios arqueológicos. Se valeu a pena? Ainda não parei de me surpreender.
A viagem, feita de ônibus, permitiu ver de perto as especificidades dessa região ainda tão pouco visitada por brasileiros.
Tudo bem que o Equador não faça fronteira, não seja exatamente vizinho do Brasil, mas chega a surpreender a nossa baixa frequência por lá. Em 2013, o país recebeu mais de um milhão de estrangeiros, dos quais apenas 1,4% brasileiros. E olha que a maioria deve ter ido a Galápagos. No máximo uma passadinha em Quito, a capital.
É verdade que o arquipélago é único e merece todo o destaque que recebe. Mas o Equador tem atrações interessantes para todos os perfis de turistas. A cultura local, um mosaico que mistura influências da colonização espanhola com as tradições de povos nativos e toques africanos, pode ser apreciada nos centros históricos de cidades como Quito e Cuenca, nas obras de arte e na culinária. A moeda oficial é o dólar, mas os preços acabam deixando os gastos similares aos de uma viagem pelo Brasil.
Para quem gosta de natureza, o país tem dezenas de vulcões, rios com corredeiras e reservas naturais. Tanto que no fim de 2013 o Equador ganhou o prêmio de melhor destino de turismo de natureza e vida selvagem do mundo, durante a World Travel Market, em Londres.
Assim como outros vizinhos dos Andes, o país é dividido em três regiões que se estendem de norte a sul e possuem características próprias: a ensolarada e festeira costa do Pacífico, as altitudes andinas e sítios arqueológicos no centro e a selva a leste – selva Amazônica, vale ressaltar.
Acertei ao esticar a viagem ao norte do Peru, região bem menos famosa que o sul do país, mas com um legado pré-incaico tão impressionante quanto as ruínas – estas, sim, incas – de Machu Picchu. Por lá também é possível curtir praias e se aventurar por altas montanhas. Surpresas (boas) não vão faltar.

GUAYAQUIL
Maior cidade do país, Guayaquil é uma metrópole com evidentes problemas urbanos e sociais ainda por serem superados – no entanto, teve áreas recentemente renovadas com foco no turismo. Entre as principais atrações estão o Museu Antropológico e de Arte Contemporânea e alguns bairros históricos como o Malecón. Opção econômica de hospedagem na cidade, o Hotel Sander (hotelsander.com) tem diárias a partir de US$ 17 em quarto para duas pessoas.
Tire vantagem de que Guayaquil está a apenas 170 quilômetros de Montañita, um dos principais balneários locais, e aproveite para desfrutar deste popular reduto de surfistas conhecido pelas festas quase diárias.
Montañita é uma típica cidade litorânea latina onde se pode curtir calor e sol em qualquer época do ano. Aqui é muito comum encontrar turistas europeias fazendo topless tranquilamente e ondas de até um metro e meio.
Entre as opções de hospedagem mais charmosas há o Dharma Beach (dharmabeach.com), com arquitetura inspirada na Índia, além de dezenas de hostels, como o El Pelicano, que cobra apenas US$ 10 por noite.
Próximo de Montañita, 65 quilômetros a sudoeste, está a praia de Punta Chipipe, onde é fácil avistar leões-marinhos e aves migratórias. Rumando para o norte, há Manta (130 quilômetros, um dos principais portos do país), Crucita (160 quilômetros, famosa por sua culinária baseada em frutos do mar e pelas montanhas escarpadas) e Canoa (225 quilômetros, com extensa orla e boas opções noturnas).
Quem tiver mais fôlego pode esticar até Mompiche (400 quilômetros), aconchegante vila de pescadores abraçada por uma reserva natural.