Parada de luxo – Dubai

A cidade mais moderna e rica dos Emirados Árabes

Quem vai a Dubai planeja voltar não apenas porque as novidades são constantes, mas porque a viagem provoca assombro e prazer
Quem vai a Dubai planeja voltar não apenas porque as novidades são constantes, mas porque a viagem provoca assombro e prazer

Encostados em pilhas de mercadorias ou nos barcos de madeira ancorados, comerciantes aguardam a chegada de mais produtos no porto do Creek, canal de mar que entra pela cidade. São homens de partes diferentes do mundo carregando nos ombros pacotes de todos os tamanhos entre as ruas estreitas dos mercados de especiarias e do ouro. Por alguns minutos você será Marco Polo, esquecerá que o século 21 chegou e que está na mais moderna das cidades, a poderosa Dubai.
Conhecida por ser um grande centro de compras – seus moradores costumam chamá-la de ‘Dubuy’, uma referência ao verbo ‘comprar’ em inglês (buy) -, pelo rápido crescimento e por suas construções futuristas e grandiosas, ainda preserva traços de uma história que vai além de suas divisas e de seu desenvolvimento recente. E que se contrapõe ao cenário globalizado visto do Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo, com 828 metros.
Entre passado e presente, Dubai mantém o espírito multifacetado. A começar por seus moradores, cujas origens estão fora dos Emirados Árabes – há paquistaneses, indianos, marroquinos, filipinos… Todos parecem seguir à risca uma citação do Alcorão, livro sagrado do Islã: “quem tem paciência consegue o que quer”.
A vocação para entreposto comercial continua, mas, hoje, a maior fonte de renda de Dubai vem mesmo de outro tipo de viajante: o turista. Hub importante entre o Ocidente e o Oriente, os Emirados têm recebido visitantes interessados em aproveitar a conexão em um stop over, pausa que as companhias aéreas permitem que o passageiro faça antes de seguir ao próximo destino, sem pagar a mais por isso.
Quatro dias são suficientes para conhecer a cidade, seus arranha-céus, shoppings e hotéis. O deserto e a praia, as construções mais antigas do bairro histórico. E as baladas na cobertura dos hotéis, encerramento sob medida para cada dia turístico.

natureza
A cena atípica chamava a atenção. Um japonês vestido com a gandora, túnica e turbante brancos que compõem o traje dos homens árabes, cruzava os braços e franzia a testa na tentativa de parecer tão poderoso quanto um xeque.
Caminhava pelas areias da praia de Jumeirah em busca do melhor ângulo diante do Burj Al Arab, o hotel em formato de vela náutica que se consolidou como a primeira imagem de Dubai para o mundo e um símbolo de sua ostentação. Uma noite ali custa de 12 a 70 mil dirhams, ou R$ 10,5 mil a R$ 60,8 mil.
Outros tantos turistas se espalhavam ao longo de um quilômetro de orla (parte em obras), em busca do enquadramento perfeito para a selfie. Apesar do calor do inverno – sim, do inverno, de novembro a abril, época de temperaturas amenas mas, ainda assim, que chegam à casa dos 30 graus – pouquíssimos arriscavam trajes de banho e entrar nas águas verdes do Golfo Pérsico, que encontram a areia sem fazer alarde, como piscina natural. Não há quiosques ou som alto.
O bairro está a sudoeste do centro, distante 30 a 40 minutos, e conta com passeios organizados por agências. Ir por conta própria – dá para combinar metrô e táxi – é boa pedida: como não ocorre em várias outras áreas da cidade, em Jumeirah se anda a pé por largas, limpas e floridas calçadas.
No bairro fica a Mesquita de Jumeirah, a maior das 1.200 existentes em Dubai e a única a permitir a entrada de não muçulmanos, apenas nas visitas guiadas, de sábado a quinta-feira, sempre às 10 horas. Para entrar, mulheres precisam usar calça e camisa de manga comprida e cobrir os cabelos com um véu – que eu não tinha em mãos e precisei comprar. Todos são obrigados a lavar os pés e entrar descalços.

nas dunas
Depois de uma manhã à beira-mar, uma imersão entre as dunas ocres do deserto de Margham. O guia chega ao hotel às 15h30 para o início de um passeio que se estenderá até as 22 horas. Hoje, 40 agências locais fazem o safári pelo deserto – com a mais antiga, Arabian Adventures (oesta.do/arabianad), o pacote com transporte e jantar sai por 360 dirhams (R$ 313) por pessoa.
O carro 4X4 leva seis turistas. Zaheer, nosso guia paquistanês, conta, em seu inglês peculiar, detalhes da vida local, como o grande consumo de leite de camelo e as corridas no lombo do animal, organizadas de outubro a março.
A primeira parada é para assistir à apresentação de um falcoeiro, que mostra sua habilidade com o animal. O falcão é o melhor amigo do homem na caçada pelo deserto. As dunas que vêm a seguir têm até 4 metros de altura. Por elas chacoalhamos ao sabor das manobras de Zaheer. Aos poucos o sol, que parece ser o maior do mundo, vai se escondendo – um pingo de desatenção e perde-se o momento de vê-lo encontrar-se com a lua por breves instantes.
São 30 carros autorizados a entrar na área protegida do deserto a cada dia, o que rende uma turma grande de turistas no acampamento montado para nos receber. No meu dia, eram cerca de cem pessoas. Fica mais difícil viver a solidão e o silêncio a que o deserto convida, mas, mesmo assim, vale esquecer o celular para admirar as cores que o céu vai assumindo quando a noite cai. Ou para escorregar com os pés descalços nas dunas, já geladas às 18 horas. Leve casaco.
Para o jantar – pão árabe, tabule, azeitonas, purê de batatas, kafta, shish taouk, arroz, tudo preparado com especiarias como canela e pimenta – nos acomodamos ao redor de mesas longas, sentados em almofadas. Em uma saleta você pode vestir roupas típicas e ser fotografado; fora, mulheres fazem tatuagens de rena. Há apresentação de dança do ventre protagonizado por uma dançarina brasileira, a sergipana
Sumaya.