DIALOGANDO SOBRE: O que os bebês compreendem?

Tatini Milanesi Pinto
Psicóloga Clínica e Hospitalar – CRP 06/99691

Os bebês percebem tudo, mais do que muitas vezes supomos; porém, não compreendem tudo. Compreender é um processo mais complexo do que a percepção. Envolve dar um significado, um valor, tanto intelectual quanto emocional. Entramos no campo dos afetos.
O que não é comunicado pode se tornar um sintoma, tanto psíquico quanto físico. Enurese, ansiedades, dificuldades de amamentação podem desaparecer com a comunicação de cenas ou épocas específicas.
Em muitos casos é necessário contar o que aconteceu para a criança (desde recém-nascidos – ou antes?), estar disponível para fornecer, afetuosamente, os dados que se necessite para estabelecer uma compreensão global e a fluência na comunicação. É um ato de amor. Atua como medida preventiva e promotora em saúde, quase sempre resolvendo sofrimentos.
Culturalmente, historicamente, o desenvolvimento global das crianças pode mudar, mas sua avidez em se comunicar com os adultos não muda. Pais que se entregam nessa abertura com os filhos têm mais chances de se integrar com o mundo interno da criança, ao mesmo tempo em que a criança se sente compreendida e confiante na relação com seus pais. Tudo isso promove boa autoestima e emancipação de perturbações familiares.
Essa é uma postura de coragem. É permitir uma relação que, de tão autêntica, muitas vezes requer assumir erros e sentimentos, em alguns casos renunciando seus próprios desejos pelo bem-estar dos pequenos. Para saber mais leia: ‘Quando os Filhos Precisam dos Pais’, de Françoise Dolto (pediatra e psicanalista).