Começar de Novo

Daniela Pioli
Psicoterapeuta – CRP: 06/57744-0

É com muita alegria e satisfação que recomeço a escrever nesse jornal passados sete anos me dedicando aos meus dois rebentos Davi e João. E pensando em recomeçar achei interessante, inaugurar essa minha (re) primeira edição falando dos recomeços.
Qualquer mudança no eu, nunca é imediata, tampouco perfeita, pois nossas necessidades mudam constantemente bem como as batalhas do dia a dia. O medo e a ansiedade fazem parte da nossa condição humana, no entanto, hoje o viver um dia de cada vez tem sido extremamente difícil, já que a tecnologia ora com seus benefícios também nos ‘ajudou’ a tornarmos mais ansiosos, como podemos ver, se vamos a um restaurante percebemos que nem sempre a pessoa terminou a refeição e já recorre a seu iphone para se lembrar de algo. A inquietude do tempo que percorremos na correria do dia faz com que a pessoa antecipe um futuro sem ao menos ter vivido o presente.
Nesse sentido o recomeçar requer muita coragem para olhar para dentro de si, requer uma batalha pessoal e assim enxergar novas possibilidades das quais muitas vezes não o fazemos, pois a rotina nos distrai. A rotina tem um poder de nos obrigarmos a não nos ouvirmos, de valorizar aquilo que talvez não se tenha tanto valor .
Todo recomeço é rico de profundos significados, principalmente, quando conseguimos avançar em uma direção com alguma abertura para dar novos sentidos à própria vida. É claro que haverá dores, risos, choros, alegrias, saudades, despedidas… e para que o recomeço seja bem-vindo é necessário elaborar o luto, dar adeus aquilo que não nos serve mais e dessa forma abrirmos espaço para sentirmos aquilo que realmente nos define.
Para refletir deixo a frase de Clarice Lispector: “Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade”.