De mãos dadas

Manicures e clientes contam que amizade vai muito além do salão

Raquel Pinheiro e Iria Tavares
Raquel Pinheiro
e Iria Tavares

Tira cutícula daqui, escolhe cor dali… Enquanto isso, um conselho ou uma puxada de orelha na cliente amiga. Para muitas manicures, fazer as unhas não é só uma maneira de ajudar no visual ou de levantar a autoestima feminina. Profissionais fizeram grandes amizades mexendo seus pauzinhos, lixas e alicates. É o caso das amigas Simone Gomes e Luana Lindo.
“A gente se conheceu quando eu trabalhava em um salão de beleza e não atendia ainda em domicílio. Ela chegou quando eu estava prestes a encerrar o expediente, atrasou o meu horário de ir para a aula e chegou fazendo um monte de exigências. Foi implicância à primeira vista, mas se transformou em uma grande amizade, conta a manicure.
Hoje, dona da Esmalteria Innovare, no mesmo bairro, a moradora da Baixada Fluminense comemora mais de dez anos de amizade e ouve da parceira uma declaração mais que especial: “eu a perturbei no início, fui implicante, e ela, sempre muito simpática, não me destratava e procurava agradar. É uma pessoa muito especial. Agora, não tem jeito. Nossa amizade é eterna”.
Confira histórias de manicures e clientes que se tornaram melhores amigas, além do salão de beleza.

Raquel Pinheiro e Iria Tavares

Uma conhecida em comum foi a ponte para a amizade entre a assistente administrativo Iria Tavares (à direita na foto) e a manicure Raquel Pinheiro, ambas de Bangu. A cliente, de 31 anos, começou a fazer a unha quando a manicure estava grávida, há quase sete anos. Alguns meses depois, nascia o bebê da profissional, batizado pela nova amiga. “Convidá-la para ser madrinha de Renan chegou a causar ciúme na minha família, mas não pensei em voltar atrás. Temos uma relação muito próxima”, afirma Raquel, de 33 anos, que hoje atende no Glam
Coiffeur. Apaziguada a crise familiar, as duas passam datas comemorativas juntas e, na relação profissional, a intimidade é tanta que a manicure é quem determina a cor do esmalte e como ela vai ser combinada aos looks. “Sou básica, então sempre peço cor nude ou transparente. Aí ela logo sugere algo espalhafatoso”, conta Iria. Até nos relacionamentos as duas trocam sugestões. “Terminei um namoro porque o cara estava querendo fazer intriga com a nossa amizade. Ele, eu mandei embora, mas ela nunca”, diz a assistente administrativo, garantindo que as rusgas fazem parte: “somos muito sinceras”.

 

simone gomes  e luana lindo

Simone Gomes (à esquerda) trabalhava em um salão em Vilar dos Teles, em São João de Meriti, perto de onde mora, quando viu Luana Lindo pela primeira vez. Atrasada para ir à escola no turno da noite, há mais de dez anos, ela se deparou com a vizinha de loja na porta do salão no fim do expediente pronta para ter as unhas feitas. “Ela chegou cheia de exigências, em um péssimo horário. À primeira vista, nós nos odiamos”, lembra Simone, de 37 anos, que coleciona elogios de suas clientes. Pouco tempo depois, a implicância deu lugar a uma amizade sólida, a ponto de Luana ser quase da família da amiga e responsável por ajudá-la a montar seu primeiro negócio em casa. “Quando ela mudou do salão para a esmalteria, colocamos tudo dentro de um carrinho antigo. Estávamos subindo uma ladeira e, de repente, a porta abriu e caiu esmalte, palito, acessórios para todo lado (risos)”, conta a dona de pet shop, de 28 anos, também moradora de Vilar dos Teles. Para o próximo ano, a relação das duas reserva outro acontecimento importante: o casamento de Simone, com direito a Luana no altar. “Eu fui madrinha do casamento dela, há um ano. Agora, é a vez da Luana ser minha testemunha. É mais do que merecido!”, comemora a manicure.

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