Aprendizado para a vida – O boletim chegou. E agora?

Se as notas não foram boas, é preciso rever a trajetória da criança

Isabella segue cronograma de estudos com apoio dos pais Leonardo e Rejane
Isabella segue cronograma de estudos com apoio dos pais Leonardo e Rejane

É chegada a hora de receber os boletins escolares. E esse, nem sempre, é um momento tranquilo em casa. Quando as notas surpreendem negativamente os pais, pode estar faltando acompanhamento e planejamento, alertam especialistas. Para correr atrás do prejuízo, reorganização é a palavra. Mas o ideal mesmo é prevenir que esses sustos voltem a acontecer.
“O grande erro é estudar só para tirar notas altas e às vésperas da prova. Este estudo é guardado em uma memória de curtíssimo prazo. Mal coloca o ponto final na prova, o conhecimento some. O problema não é de recuperação, mas de mudança de atitude” – diz Juarez Lopes, especialista em leitura dinâmica e otimização do estudo responsável.
Se nos últimos meses esse trabalho não foi feito e a média está mais vermelha que azul, é preciso um diálogo franco com a criança ou o adolescente para identificar as causas.
“Nem sempre a queda de rendimento está associada à preguiça. Pode ser uma dificuldade específica. Antes de julgar, os pais devem oferecer ajuda e procurar a escola. Um trabalho multidisciplinar fará com que a criança ganhe ferramentas para enfrentar possíveis medos e criar maturidade emocional” – aconselha a psicóloga e diretora do Núcleo Integrado Village, Ana Café.
Para ajudar no processo de aprendizagem, é necessário que a atuação pedagógica e a dos pais se complementem.
“É função da família acompanhar o dia a dia e se comprometer. Exigir do filho pequenas responsabilidades e acompanhar os sinais: se está desanimado, se não estuda, as anotações na agenda” – ressalta a neuropsicopedagoga Viviani Zumpano.
Na casa de Isabella Verneck, de 10 anos e no 5º ano do Ensino Fundamental, o acompanhamento dos pais em sua rotina escolar faz toda a diferença. O boletim não deixa mentir: a nota mais baixa dela foi 9,6.

Mudanças com a idade
Especialistas ressaltam que a formação da criança e do adolescente não envolve apenas conteúdo. É um somatório de fatores psicológicos, pedagógicos e sociais. Por isso, se, mesmo cumprindo as responsabilidades, o aluno não tiver bom resultado, pode ser preciso avaliar a trajetória dele e buscar ajuda profissional.
A neuropsicopedagoga Viviani lembra ainda que há diferença na forma de lidar com a aprendizagem na infância e na adolescência. Crianças são mais disponíveis para a dinâmica da escola. A adolescência é a fase de buscar a identidade, e tudo parece mais interessante que o estudo. A cabeça está no namoro, nos amigos, na internet…
“Nessa fase, tem que trabalhar a negociação, compensação. Tira o celular, mas ganha, dias depois, se a lição for boa. Não podem ser castigos muito longos para não perder o sentido”.

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medidas
pontuais

Cobrança saudável: Se houver falta de dedicação, cobre resultados e determine tempo de estudo. Sinalize ainda o que a criança pode perder, como horas no play. Trabalhe a negociação.
Responsabilidade: Uma posição rígida será para que a criança veja que o comprometimento dela com o resultado é importante. Indique que é capaz e que não tem bom resultado porque não faz o que é recomendado.
Rotina conjunta: O cérebro gosta da rotina. Por isso, estudar sempre na mesma hora e local é o ideal. Fazer isso com os pequenos faz a diferença, dando suporte, mas deixando o aluno protagonizar o processo.
Potencialidades: É preciso valorizar o que os pequenos têm de melhor e ajudar a lidar com a frustração por não ir tão bem em uma matéria em que tem dificuldade.
Incentive a leitura: Isso ajuda na interpretação de texto e na criação de vocabulário. Indique obras de que gostem e dê o exemplo. Tenha o hábito e valorize os estudos além de obrigação.