WASHINGTON – Mais intensa que a ficção

A capital dos Estados Unidos é um lugar para se viver intensamente

TEXTO: Por MARCELO LIMA/AE | FOTOs: divulgação
TEXTO: Por MARCELO LIMA/AE | FOTOs: divulgação

Na sua próxima visita à National Gallery de Washington, uma das mais veneradas instituições de arte dos Estados Unidos, não se surpreenda se, entre uma obra-prima e outra, você se deparar com a imagem do implacável Frank Underwood, personagem vivido por Kevin Spacey em House of Cards, sentado no salão Oval, bem naquela posição que ele costuma adotar quando resolve ‘conversar’ com os espectadores do mais popular seriado de drama político da atualidade.
Não, Underwood ainda não chegou lá, apesar de seu retrato, assinado pelo britânico Jonathan Yeo, figurar desde fevereiro entre os dos presidentes dos Estados Unidos na National Gallery. Vai ficar por ali até o fim da eleição presidencial nos Estados Unidos, em novembro. Tudo obra de uma ação promocional do canal de streaming Netflix.
Porém, ainda que temporária, a presença do personagem em uma instituição do porte da National Gallery dá a exata dimensão do quanto os temas cultura e política estão presentes, são intensamente vividos e não raro se entrelaçam no dia a dia da capital dos americanos. Só em Washington é possível visitar nada menos que duas dezenas de museus de primeira linha em um percurso de apenas 4 quilômetros. E turistas podem partilhar seu breakfast com congressistas, como acontece todas as manhãs nos salões do hotel Four Seasons, onde membros do Congresso tratam garçons pelo nome e estes, por sua vez, retribuem com ovos servidos no ponto exato.
Se os assassinatos, vinganças e traições de House of Cards pintam um retrato não muito simpático de Washington, na vida real a cidade vive uma acelerada transformação, sobretudo na era Barack Obama. Está mais jovem e arejada e, diferentemente do passado, desfrutá-la virou muito mais uma questão de estilo, tempo e disposição do que propriamente de saldo bancário. Gélida no inverno, úmida no verão, comportada nas meias-estações e sedutora como nunca, a Washington de hoje merece ser vista de perto. De preferência, a pé.
O formato compacto e o traçado linear das ruas e alamedas, de nítida inspiração europeia, são um convite para longas caminhadas. O que, aliás, pode ser considerado um autêntico esporte local. Pedestres e runners ocupam os espaços a qualquer hora do dia ou da noite.
Nos últimos anos, edifícios que atestam o passado art déco da cidade foram submetidos a longos processos de retrofit e passaram a abrigar hotéis butique com preços mais palatáveis. Caso do The Carlyle: um romântico e tranquilo estabelecimento, a três quarteirões da agitada Dupont Circle, uma típica rotatória urbana, adornada com uma fonte art déco, a dois passos do centro
Comer bem é tarefa fácil e que fica ainda mais agradável se for feita, caso o tempo permita, ao ar livre. O Policy (tradução: política), um dos muitos restaurantes fusion recém-abertos na U Street, tem animadas mesinhas na calçada. O Zaytinya, ao lado da National Gallery, um grego com ar moderninho, paredes recobertas por dezenas de olhos gregos, vai na mesma onda.
A capital americana ainda funciona bem como hub para bate-voltas a cidades cheias de graça nos Estados de Virginia, aonde dá para ir até de metrô, e Maryland, a uma hora de carro.

annapolis
Nas ruas da parte histórica, o clima é de antigamente. Capital do Estado de Maryland, a pequenina Annapolis abriga a maior concentração de casas preservadas do século 18 nos Estados Unidos. São construções feitas de madeira, de uma época em que alvenaria era luxo acessível apenas aos muito ricos. Histórias de fantasmas e incêndios destruidores povoam o imaginário local e motivam passeios turísticos temáticos a endereços supostamente marcados pela assombração.
Annapolis fica às margens da Baía de Chesapeake, onde foi fundada em 1708 e batizada em honra da rainha Ana, da Grã-Bretanha. Localizada a 50 quilômetros de Washington, a cidade que hoje está pelos 40 mil habitantes carrega o apelido de ‘capital da vela’, deixando claro que longos passeios mar adentro são a pedida na cidade.
Passeios são guiados por figuras vestidas com roupas de época, um notável costume local. Em Annapolis, para onde quer que se olhe, haverá alguém vestido de maneira particular. Além dos guias de turismo com perucas brancas e punhos de renda, os oficiais e candidatos a oficiais da prestigiosa Academia Naval de Annapolis, uma das mais tradicionais instituições militares americanas, formam outro grupo de destaque a bordo de seus impecáveis uniformes.
Igualmente indissociáveis na paisagem são os pintores de rua à moda da França. E, mais recentemente, grafiteiros convidados a colorir algumas paredes dentro do projeto Urban Wall Brazil, criado para promover intercâmbio cultural entre a cidade e, sim, o Brasil (mais em urbanwallsbrazil.com). Trajando boinas, bonés e aventais sujos de tinta, artistas se espalham por ruas, praças, e becos. Sobretudo ao longo da Main Street, a pitoresca e agitada via central, que corta a cidade e termina na Baía de Chesapeake.
É na Main Street que você deve bater pernas, fazer pequenas compras e provar a comida local, que tem nos generosos crab cakes, feitos com carne de caranguejo temperada e gratinada. Para uma refeição completa, o Osteria 177 (osteria177.com) serve lulas à dore sequinhas e seguidas de frutos do mar grelhados, tudo acompanhado por vinho branco italiano.
Para terminar bem a jornada, nenhum outro lugar se equipara à Annapolis Ice Cream Company (annapolisicecream.com), também na Main Street. A fachada da sorveteria lembra uma loja de brinquedos pela quantidade de pinguins de pelúcia na vitrine, à venda. Os preços começam em US$ 8, os pinguins, e US$ 5, a bola de sorvete.
Os moradores de Annapolis certamente não exageram quando se referem o Galway. Bay Irish Restaurant and Pub (www.galwaybaymd.com) como um dos lugares da cidade que melhor transmitem a sensação de se sentir em casa. De fato, tudo por ali é extremamente receptivo e caloroso. Da simpatia dos garçons à ambientação, com suas paredes de tijolinho, móveis rústicos de madeira e nichos repletos de objetos vintage. No quesito comida, uma generosa porção de ostras servidas na concha sai por US$ 10. Uma tentação capaz de tornar qualquer happy hour irresistível, em especial se acompanhada de uma das boas cervejas da casa.
A localização faz do Hyatt Regency Tysons Corner (tysonscornercenter.regency. hyatt.com) uma opção de peso para quem viaja à Virginia a negócios ou para fazer compras. Com diárias que custam, em média, US$ 200 para duas pessoas, o hotel fica anexo ao Tysons Corner Center Mall, um dos três – e provavelmente o mais interessante – dos shoppings da região. Também está a uma curta distância a pé, da estação de metrô que liga a região a Washington. Até o centro de Alexandria são cerca de 25 minutos de carro. Para quem chega do aeroporto Dulles, o transfer, sem congestionamento, leva 15 minutos

ALEXANDRIA
A localização faz do Hyatt Regency Tysons Corner (tysonscornercenter.regency. hyatt.com) uma opção de peso para quem viaja à Virginia a negócios ou para fazer compras. Com diárias que custam, em média, US$ 200 para duas pessoas, o hotel fica anexo ao Tysons Corner Center Mall, um dos três – e provavelmente o mais interessante – dos shoppings da região. Também está a uma curta distância a pé, da estação de metrô que liga a região a Washington. Até o centro de Alexandria são cerca de 25 minutos de carro. Para quem chega do aeroporto Dulles, o transfer, sem congestionamento, leva 15 minutos.
Com acesso a partir do piso principal do Tysons Corner Center Mall (tysonscornercenter.com), o Ritz-Carlton Tysons Corner é um hotel que fala americano, mas com acento inglês. A decoração sofisticada projeta o viajante para cenários distantes e seus restaurantes propõem experiências únicas. Como por exemplo, degustar um típico chá da tarde inglês (a US$ 46 por pessoa) em plena Virginia. Na verdade, mais do que uma refeição frugal, trata-se de uma autêntica celebração em torno da milenar bebida, que começa com a degustação de um champanhe e prossegue por uma infinidade de delicados pães e pequenos docinhos. Não perca.

Annapolis abriga a maior concentração de casas preservadas do século 18 nos EUA
Annapolis abriga a maior concentração de casas preservadas do século 18 nos EUA