Um roteiro de sete dias pela Jordânia

Petra, Amã e Mar Morto

Viajar sozinha pelo Oriente Médio é melhor do que parece. Veja os custos e como se organizar financeiramente

N o fim do ano passado, embarquei em uma jornada sozinha pelo Oriente Médio. Um dos países do meu roteiro foi a Jordânia, conhecido pelo cartão-postal de Petra, um sítio arqueológico construído há cerca de 2.300 anos e a capital do império nabateu por volta do ano 400 a.C. Mas os monumentos cercados por rochas que esbanjam tons de rosa e vermelho representam apenas uma parte do que as terras jordanianas oferecem aos turistas.

Apesar de cair na estrada sozinha com bastante frequência, e de a Jordânia ser considerada um dos locais mais ocidentalizados e seguros da região árabe, optei por seguir o meu roteiro com uma agência de viagens.

É possível alugar um carro e fazer os passeios por conta própria? Sim. No entanto, durante a fase de planejamento financeiro, entendi que o custo-benefício seria maior com uma empresa privada. Consultei três companhias com diferentes pacotes e roteiros personalizados e segui com a Memphis Tours em função dos valores, atendimento e facilidade na contratação (o site é todo em português e oferece pagamento parcelado em até 12 vezes). Reservei 7 dias para explorar as cidades Amã, Jerash, Madaba, Petra, o deserto de Wadi Rum e o Mar Morto.

DIA 1, AMÃ
No primeiro dia fiquei hospedada em Amã, a capital do país. Recomendo ter pelo menos 24 horas para explorar alguns pontos de destaque: a Citadela, um grande complexo que proporciona a melhor vista panorâmica da cidade e abriga o famoso templo de Hércules; o Teatro Romano e o Museu de Folclore da Jordânia.
Para os amantes de homus e falafel, fiz uma parada no restaurante Hashem, no centro da cidade e próximo ao teatro. Foi umas das refeições mais baratas e saborosas que eu fiz.

DIA 2, MADABA
No segundo dia, tive um contato maior com o motorista que me acompanhou em todos os trajetos, Amer Murad. Nos comunicávamos em inglês e ele me ajudou com a troca de câmbio, dicas e até negociação na hora de comprar os souvenirs. Mas destaco a segurança de ter passado os sete dias sozinha ao lado de um profissional que me respeitou e fez o possível para tornar a minha viagem inesquecível – uma característica dos jordanianos.
Seguimos por 45 minutos a caminho de Madaba, a cidade dos mosaicos. Por lá estão os mosaicos bizantinos e o mapa de Jerusalém e da Terra Santa que cobre todo o chão da Igreja Ortodoxa Grega de São Jorge, um dos principais pontos de peregrinação da Jordânia. De lá, vale a pena ir direto para o Monte Nebo, local de onde Moisés contemplou a Terra Prometida após os 40 anos de peregrinação desde o Egito. Com 817 metros de altitude, o monte tem vista para a Terra Sagrada, o Vale do Jordão, Mar Morto e Jerusalém.

DIA 3, DESERTO DE WADI RUM
O local foi cenário do filme live action Aladdin, da Disney. Tratava-se de uma parada obrigatória – e uma das vivências únicas e especiais que já vivi. O motorista me deixou na entrada do centro de visitantes do vilarejo, onde vivem os beduínos, povos nômades que habitam os desertos do Oriente Médio e o Norte da África. Fui conduzida por um jovem beduíno através da areia avermelhada e das gigantes formações rochosas em tons pastéis que estampam um cenário arrebatador. O local, de 74 mil hectares, faz parte da lista de patrimônios da Unesco.

Durante o passeio de quase três horas, escalei uma das dunas para contemplar uma vista 360 graus do deserto. O trajeto é de tirar o fôlego, literalmente. Pelo caminho, passamos por cânions e paramos na areia para fazer fogueira, tomar chá e apreciar o pôr do sol.
A aventura estava só começando. Um dos pontos altos da viagem foi o acampamento – em Wadi Rum, há várias opções de acomodação, como quartos compartilhados, tendas tradicionais e instalações em cúpulas transparentes para dormir sob o céu estrelado.
Fiquei em uma das cúpulas, que não perdem nada para a estrutura de um hotel: chuveiro quente, ar condicionado e cama de casal. Uma noite que ficará na memória.

DIA 4, PETRA
Prepare-se para uma viagem no tempo: a Cidade Rosa, como Petra também é conhecida em função da cor das suas pedras, merece muitas horas de caminhada. Esculpido pelos nabateus em 312 a. C., o local é a maior atração turística do país. Há diversas rotas para explorar esse patrimônio da Unesco, mas tudo vai depender do tempo disponível. Como eu só tinha um dia, passei pelo cartão-postal de Petra, a fachada de al-Khazneh, o famoso Tesouro, e o Monastério de El-Deir. Esse trajeto leva cerca de quatro horas de caminhada – considerando que há uma escada de 800 degraus – e exige uma garrafa de água e protetor solar. Há a opção de alugar cavalos, camelos e até carruagens.

DIA 5, JERASH
Conquistada pelo Império Romano, Jerash é um dos mais bem preservados sítios históricos de arquitetura romana fora da Itália e fica a 40 minutos de Amã. Em meados do século 3 a. C., o local se tornou um grande centro urbano que dispunha de dois anfiteatros, um hipódromo, grandes arcos e corredores que ainda exibem as marcas das carruagens nas pedras calcárias que formam o chão das ruínas. O ingresso custa 10 JD, mas o transporte e o tíquete estão incluídos ao fechar o pacote direto com a agência de viagens.

DIAS 6 E 7, MAR MORTO
Localizado entre Israel, Palestina e Jordânia, o Mar Morto é um lago de água salgada que fica 400 metros abaixo do nível do mar – o ponto mais baixo do planeta. Tem uma concentração de sal dez vezes maior do que a dos oceanos e é impossível afundar na sua água morna, repleta de sais minerais. Os visitantes se lambuzam de lama preta do Mar Morto para hidratar a pele e estimular o metabolismo.

Na região, há dezenas de resorts com acesso privativo ao Mar Morto. No pacote, fiquei hospedada durante duas noites no Holiday Inn, com café da manhã e jantar incluídos. É a melhor forma de encerrar a viagem pela Jordânia.

ANTES DE IR
Visto
Brasileiros precisam de passaporte com validade de 6 meses e devem solicitar um visto pelo site do Consulado da Jordânia, emitir direto no aeroporto de Amã ou comprar o Jordan Pass, que dá acesso a diferentes atrações e isenta as taxas de concessão de visto. O tíquete custa 80 dinares (JD), cerca de R$ 600. Como contratei uma agência, não me preocupei com burocracias. Um representante me esperou na saída do voo, evitamos a longa fila da imigração, recebi a documentação do meu visto e fomos direto às autoridades para carimbar meu passaporte.

Moeda
Um dinar jordaniano (1 JD) é equivalente a R$ 7,4 ou US$ 1,4. Mas a Jordânia não é um país caro. Na ponta do lápis, o valor das hospedagens, passeios e alimentação mostra que a cotação da moeda não passa de um susto inicial.

Texto: Valéria Bretas| Foto: Divulgação