Travessuras e raridades na Portobello Road

Portobello Road é uma rua no bairro de Notting Hill

Aos sábados, recebe a Portobello Road Market, um dos mercados de rua mais conhecidos e frequentados de Londres
Aos sábados, recebe a Portobello Road Market, um dos mercados de rua mais conhecidos e frequentados de Londres

Ela já foi cenário da comédia romântica Um Lugar Chamado Notting Hill, já foi tema de música de Caetano Veloso e é ponto turístico obrigatório na cidade. Mas, para a criançada, Portobello Road é muito mais do que isso, e muito mais do que um grande mercado a céu aberto. É ali nas redondezas que mora a família Brown – e onde Paddington apronta suas travessuras.
No filme, ele visita um antiquário em busca de informação sobre o dono do chapéu, herança de seus tios, que é uma de suas marcas registradas. Trata-se de um presente, dado por um explorador que chegou ao Peru e fez amizade com os ursos. Quando parte, de volta à Inglaterra, o estrangeiro faz o convite: “se vierem a Londres, serão muito bem recebidos”.
O antiquário é a esperança de Paddington achar o explorador, que pode dar a ele um lar. E é ali que o urso protagoniza uma atrapalhada perseguição a um batedor de carteiras. Que isso sirva de aviso aos viajantes: os furtos são constantes na região.
Quem quiser procurar o tal antiquário, basta começar o passeio pela parte da rua dedicada às antiguidades e artigos de colecionadores (moedas, relógios, chapéus, bibelôs, discos, soldadinho de chumbo, ursinho de pelúcia, bola de golfe, caixinhas, latinhas, etc.), mais próxima da estação Notting Hill Gate. No número 86, fica a Alice’s, uma loja com tudo o que você pode imaginar de artigos para casa que remetem à cultura britânica, cujo exterior serviu de cenário para o antiquário de As Aventuras de Paddington.
Para um passeio completo, continue pela rua. Depois das antiguidades, aparecem as barracas de frutas e comida de rua (a de falafel é tradicional por lá; o sanduíche custa 3,50 libras, ou R$ 14, e o prato, 4,50 ou R$ 18); na sequência, as de tranqueiras, roupas usadas e artigos que não são e nem se pretendem ser antigos.
Se quiser fugir do agito da rua principal, entre na Blenheim Crescent. No número 4, resiste a simpática livraria Books For Cooks, só com livros de culinária. Andando um pouquinho adiante na mesma rua, verá onde ficava a The Travel Bookshop, que pertencia a Hugh Grant no filme Um Lugar Chamado Notting Hill. A loja original fechou, mas há outra livraria ali com fachada similar, chamada The Notting Hill Bookshop, onde os turistas continuam a posar para fotos.

GARFO E FACA
No caminho de volta para o metrô, se você for fã de Jamie Oliver, dê uma paradinha na esquina da estação Notting Hill Gate Lá funciona o Recipease, loja e café (o sanduíche sai por 4,95 libras ou R$ 20). Outra opção interessante é o Charlie’s, no número 59 da Portobello Road, que valoriza a comida local e o trabalho de pequenos produtores. Lá, são servidos café da manhã, almoço e lanche. Um prato com linguiça, ervilhas, purê de batatas e molho de cebola custa 8,95 libras (R$ 36). Pelo mesmo valor é possível tomar a sopa do dia e experimentar um dos sanduíches – o de salmão defumado é um dos mais tradicionais.

MUSEUS
É no Museu de História Natural que trabalha Millicent, a taxidermista vivida por Nicole Kidman. E é para lá que ela deseja levar Paddington – empalhado. Além deste, há outros museus interessantes para despertar a curiosidade da garotada.

MUSEU DE HISTÓRIA NATURAL: Os números do museu são superlativos, como a enorme réplica do esqueleto do diplodoco que recebe o visitante na entrada principal. São 250 anos de história; mais de cinco milhões de pessoas vão lá todos os anos. Em suas salas, vitrines, armários, tanques e frascos há mais de 80 milhões de espécies: 28 milhões de insetos, 27 milhões de outros animais, nove milhões de fósseis – o mais antigo tem 3,5 milhões de anos -, mais de 500 mil pedras e minerais, 3,2 mil meteoritos e por aí vai. E muitos livros raros.
Em uma visita, podemos voltar 160 milhões de anos na história. Poucos assuntos interessam tanto às crianças quanto dinossauros. A novidade é o esqueleto completo de estegossauro, em exposição em uma das entradas do prédio desde a última quarta-feira. O animal tem 150 milhões de anos e é o único em exposição fora dos Estados Unidos. Aos sábados, as filas são enormes, por isso o ideal é ir durante a semana.
Mas nem só de Tiranossauro Rex e tantos outros ‘sauros’, é feito o museu. Há um modelo em tamanho real de uma baleia azul, suspensa no teto. Um crânio de leão (de 1280-1385), que pertencia ao zoológico da Torre de Londres cerca de 700 anos atrás. Mamute, urso polar, pássaros, borboletas, mamíferos. Há de tudo no prédio vitoriano que, por si só, já valeria a visita.

MUSEU DA INFÂNCIA: Inaugurado em 1872, o museu em Bethanal Green serviu de refeitório durante a Segunda Guerra Mundial. A ideia original era que ele preservasse objetos da era vitoriana e ele foi, involuntariamente, se tornando um museu de brinquedos, com doações vindas até da família real. A reinauguração do espaço – totalmente dedicado à infância – foi em 1974. Não fica tão perto dos pontos turísticos clássicos, mas guarda brinquedos que encantaram gerações de 1600 aos dias de hoje. A coleção de casas de bonecas (são mais de cem) é uma atração à parte.