Questão de gosto – Nova York

Roteiros tradicionais é a pedida na Big Apple

28---Nova-YorkCongestionamentos, sirenes e a correria de Nova York podem até lembrar a rotina caótica de São Paulo. Mas o fato é que o eletrizante ritmo nova-iorquino parece ser, para brasileiros de férias, um atrativo da cidade americana, e não uma desvantagem.
De acordo com dados da NYC & Company, órgão de turismo local, Nova York nunca recebeu tantos turistas do Brasil. Entre 2008 e 2014, esse número triplicou e a estimativa para 2015 é de que mais de um milhão de brasileiros passem pela cidade.
E de onde vem tanto encantamento? Provavelmente da reunião em um único lugar de tantas atrações para todos os gostos e perfis de viajantes. Na cidade estão presentes grandes símbolos do modo de vida americano, como monumentos, arranha-céus, espetáculos teatrais e cenários de filmes e séries, mas é também lá que feirinhas de arte, apresentações ao ar livre e pessoas do mundo todo têm algo a mostrar.
Outra boa qualidade de Nova York é sua generosidade com viajantes desacompanhados. Metade dos brasileiros (ou exatos 51%) vão para lá sozinhos. Claro que esse número inclui os que vão a trabalho, mas a outra parte dos turistas solitários é formada por pessoas que sabem que é possível curtir as melhores atrações sem ficar sem graça por não ter uma companhia.
Nos museus, como o Metropolitan e o de História Natural, você vai até comemorar por não precisar pular as alas que mais gosta, pressionado pelas preferências do outro. Nas ruas, é capaz de fazer amizade nas escadarias montadas na Times Square ou na fila de uma hamburgueria bacana.
Não há como esquecer o peso da alta do dólar. A cidade, porém, oferece alternativas para tornar os dias por lá mais econômicos. Embora a hospedagem seja um ponto crítico em termos financeiros, é possível comer por US$ 4 nos food trucks ou nas redes de fast-food, fazer boas compras nos outlets, usar a enorme rede de metrô para se deslocar (US$ 30 o Metrocard com viagens ilimitadas por uma semana; mta.info) e conhecer seis pontos turísticos por US$ 109 com o New York City Pass (pt.citypass com/new-york).
Para os que planejam a primeira ou a décima viagem para a cidade, veja nas próximas páginas as dicas de acordo com o seu estilo. Ou mescle os passeios de cada roteiro e tenha uma experiência típica nova-iorquina: bem misturada. Em qualquer caso, prepare-se para andar muito e encontrar algo diferente a cada esquina.

Alugue uma bike e faça um passeio pela famosa Ponte do Brooklyn
Alugue uma bike e faça um passeio pela famosa Ponte do Brooklyn

DESBRAvADORES
Nova York quer mostrar que também há atrativos nos bairros menos turísticos e nos outros quatro distritos da metrópole – Brooklyn, Queens, Bronx e Staten Island -, especialmente para aqueles que estão na cidade pela segunda, terceira ou décima vez e querem sair do lugar comum. No roteiro a seguir, é possível ir a museus pouco conhecidos e ficar mais próximo da cultura local, inclusive das comunidades negra e latina.
Brooklyn: Distrito ligado a Manhattan pela famosa Ponte do Brooklyn, é alvo de variados tours temáticos e cenário de filmes como o clássico de John Travolta Os Embalos de Sábado à Noite (1977) e Os Bons Companheiros (1990), de Martin Scorcese. Para unir a paixão pelo cinema com o sabor de uma boa pizza, o tour Slice of Brooklyn (asliceofbrooklyn.com) passa pela tradicional pizzaria Grimaldi’s, conhecida por oferecer uma das melhores margheritas da cidade (massa fina e crocante), e leva os turistas para locações de filmes gravados no bairro. O tour sai por US$ 80 e inclui comida e bebida em duas pizzarias. Se quiser visitar apenas a pizzaria, saiba que a margherita custa US$ 14.
Em dias ensolarados, a pedida é seguir rumo ao Brooklyn Bridge Park, de onde se tem uma visão privilegiada da ponte e do skyline de Manhattan. É possível explorar a região de bicicleta – a Bike And Roll (bikenewyorkcity.com) oferece dois tours pelo bairro, ambos por US$ 50 e com três horas de duração. Se preferir, alugue uma magrela e saia por conta própria.
House Museu: Localizado no Queens, a 20 minutos de metrô de Manhattan, o museu foi montado na casa onde o cantor Louis Armstrong viveu ao longo de 28 anos, até 1971, quando morreu aos 69 anos. A maioria das peças de mobília e decoração, além de objetos pessoais dele e de sua quarta mulher, Lucille, foram mantidos – até mesmo anotações do artista na sala onde ele costumava compor e tocar. Em alguns ambientes, é possível ouvir gravações em que Armstrong conta algo sobre aquela parte da casa ou de sua vida pessoal e profissional. Os amantes de jazz certamente vão se sentir em casa. O ingresso custa US$ 10. Aproveite a ida ao Queens para andar pelas ruas do bairro e ter uma ideia de como era a Nova York de décadas atrás: prédios baixos, ruas calmas e comércio de bairro, sem grandes redes.

Ande pelas ruas do Queens e conheça a Nova York antiga
Ande pelas ruas do Queens e conheça a Nova York antiga

Harlem: O distrito que era sinônimo de violência e degradação há 20 anos surge agora como novo polo cultural, comercial e gastronômico de Nova York. Habitado majoritariamente por negros e latinos, o bairro ao norte de Manhattan já é conhecido dos turistas pelas tradicionais missas embaladas por corais gospel nas manhãs de domingo. Entre as igrejas mais procuradas, estão Abyssinian Baptist Church (abyssinian.org) e Mother AME Zion Church (amez org), receptivas aos turistas – nem todas veem com bons olhos quem vem de fora.
Aproveite a ida ao bairro, a 15 minutos de metrô do centro de Manhattan, e dê uma volta pela Rua 125, coração comercial com lojas de departamento e pontas de estoque de marcas queridas pelos brasileiros, como GAP e Banana Republic. Se não se importar com calorias, experimente a saborosa (e gordurosa) comida soul, tradicional da comunidade afro-americana, que inclui frango frito, ovos, pães e costelas. Um dos preferidos dos turistas é o restaurante Sylvia’s, na própria Rua 125, entre as Avenidas Malcolm e Boulevard. A maioria dos pratos sai por menos de U$ 20.
Apollo Theater: Ella Fitzgerald, Jimi Hendrix, Jackson Five e Marvin Gaye são apenas alguns dos grandes nomes da música revelados no Apollo Theater, no Harlem. Foi na chamada Amateur Night, ou Noite dos Amadores, que os Estados Unidos ouviram pela primeira vez vozes tão talentosas. Realizado semanalmente desde a década de 1930, o evento reunia artistas amadores que eram acolhidos ou não, de acordo com os aplausos da plateia. Embora tenha vivido seu auge de revelações musicais entre os anos 1930 e 1980, o teatro ainda realiza, todas as quartas-feiras, a Amateur Night. Ingressos a partir de US$ 20.

Grandes nomes da música foram revelados no Apollo Theater
Grandes nomes da música foram revelados no Apollo Theater