Transtorno que não aparece só na ficção

Variações de humor podem ser mais do que característica pessoal

texto: Elisa Clavery/todo extra | foto: divulgação/TV Globo
texto: Elisa Clavery/todo extra | foto: divulgação/TV Globo

Explosões de raiva, entusiasmo excessivo, instabilidade no humor, ciúme descontrolado. Todo mundo conhece esses sentimentos, mas quando alguém os apresenta de forma frequente pode significar mais do que uma personalidade ‘estourada’: são sintomas de um dos tipos de transtornos de personalidade, o borderline. Na novela ‘Haja Coração’, a personagem de Cleo Pires, Tamara, já sinalizou viver o problema. Embora a trama não tenha explicitado seu tipo de transtorno, especialistas afirmam que a piloto tem características de uma ‘border’.
“São pessoas constantemente inconstantes. Quando seu desejo é negado, têm uma reação emocional desproporcional.” – diz o psiquiatra Rodrigo Pessanha, que diferencia esse transtorno do bipolar: “o bipolar passa períodos longos deprimido ou excitado demais, já o borderline tem variações ‘do nada’.
Geralmente, os transtornos de personalidade são diagnosticados no fim da adolescência e na vida adulta.
“O especialista faz uma avaliação mental e analisa a história médica e a gravidade dos sintomas do paciente.” – explica a neurologista Vanessa Muller: “já existem estudos com análise do cérebro através de ressonância magnética funcional, mas os resultados são preliminares.”
Nem todo descontrole emocional, porém, é sinal de transtorno de personalidade. “Por exemplo, na adolescência a impulsividade pode estar aumentada. A diferença é que o transtorno de personalidade é constante em todas as fases do desenvolvimento.” – diz Bernardo Miodownik.

tratamento

O tratamento inicial do Transtorno de Personalidade Borderline é a psicoterapia. Ela ajudará o paciente a controlar melhor seus impulsos e entender seu comportamento. Nesse caso, o tratamento foca principalmente as questões do suicídio e da automutilação, além do aprendizado de novas habilidades, como consciência, eficácia interpessoal, cooperação adaptativa nas decepções e crises e na correta identificação e regulação de reações emocionais.
Mas é preciso fazer uma terapia específica: o terapeuta deve ser mais ativo, mais próximo, mais participante. O borderline é uma pessoa que sofre muito. Ele pode oscilar o humor e romper com as relações que poderiam dar certo. A impulsividade acaba estragando muito a vida profissional e social deles. Com o tratamento, é possível evitar muitos sofrimentos.
Normalmente o Borderline demora a ser diagnosticado. Pode levar três, cinco, dez ou ainda mais anos até que seja descoberto. É muito importante que o diagnóstico seja feito o mais precocemente possível e que o tratamento seja logo iniciado.

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