Sonho de consumo

Viajar de primeira classe com luxo na medida certa

Conhecido simplesmente como ‘The Residence’ a cabine primeira classe da Etihad possui 125m2 bem como toda atenção de um mordomo
Conhecido simplesmente como ‘The Residence’ a cabine primeira classe da Etihad possui 125m2 bem como toda atenção de um mordomo

Voo em cabine privada, porque uma simples poltrona, mesmo que vire cama, é coisa do passado na primeira classe das melhores companhias aéreas. Quarto de hotel com muitos cômodos, ou talvez uma ilha inteira para se hospedar. É mais ou menos essa a fórmula atual da viagem de luxo feliz – o mais ou menos fica por conta do ingrediente personalização, decisivo para o público que não está tão preocupado com o quanto vai gastar.
Crise econômica à parte, é de olho nesses viajantes que podem pagar para adaptar cada mínimo detalhe das férias a seus gostos e necessidades que o mercado de turismo de luxo investe em novas ideias e tendências.
A exclusiva rede hoteleira Four Seasons lançou na semana passada a opção de hospedagem em uma ilha privada nas Maldivas. A Voavah fica no Atol Baa, reserva da biosfera da Unesco, tem casa de praia com sete quartos, centro de mergulho, spa e um iate à disposição, por US$ 46 mil por noite. Outra rede de alto padrão, a Explora, está estreando seu sétimo hotel, no Vale Sagrado, no Peru, com tarifas que podem ser consideradas até amigáveis: na opção mais vip, US$ 4.445 por pessoa, por noite, com refeições, bebidas e passeios.
O Peru, inclusive, aparece como destino tendência em um levantamento feito pela Virtuoso, maior associação de agências de turismo de luxo do mundo Colômbia, Portugal e o sul da África também estão na lista. Isso porque, apesar da folga no orçamento dos super-ricos, as operadoras de alto padrão estão, sim, preocupadas com a desvalorização cambial que prejudica os viajantes de países onde a moeda é fraca, caso do Brasil. Procuram, na medida do possível, unir exclusividade e uma boa relação custo-benefício.

experiência
O preço (elevado) é um fator importante, claro. Mas luxo também é questão de gosto. Assim, além de detectar tendências em destinos, o mercado do turismo de luxo tem se importado em entender não apenas para onde, mas também como os viajantes querem ir.
Constataram que pessoas de várias idades da mesma família estão viajando juntas – os roteiros multigeracionais, como são chamados no levantamento da Virtuoso. Outra tendência são as viagens de celebração. Durante a edição mais recente da feira de turismo de luxo Travel Week, realizada há um mês em São Paulo, a organização aplicou uma pesquisa aos operadores e agentes de viagem que indicou que mais de 90% dos clientes por eles atendidos já haviam feito viagens ao exterior para comemorar casamentos, aniversários e outras datas.
Roteiros com atividades ao ar livre também estão em alta, mostram tanto a Virtuoso quanto os organizadores da Travel Week. Pedalar e caminhar são, hoje, pedidos comuns dos clientes.
“São aventuras com esforço moderado e toda a infraestrutura, que combinam dias em uma metrópole com outros em destinos de natureza”, destaca Tomas Perez, presidente da Teresa Perez Tours, uma das principais operadoras de luxo do Brasil. Ele sugere, por exemplo, o tour que combina helicóptero e bicicleta nos arredores de Queenstown, na Nova Zelândia. Depois do sobrevoo ao Lago Wanaka, os turistas são deixados no alto do Monte Burke para a descida em mountain bike (custa a partir de 4 mil dólares neozelandeses, R$ 9,7 mil).
E quem se importa com o cansaço quando eventuais dores no corpo serão tratadas em spas de sonhos, a noite, passada em um quarto digno da realeza e a volta para casa, na primeira classe, como as opções que indicamos abaixo.

Voos
Apenas 52 felizes passageiros em um avião onde só há primeira classe – 52 poltronas. Em 2017, o Private Jet Four Seasons fará um tour gastronômico com curadoria de René Redzepi, chef do restaurante dinamarquês Noma. Serão nove cidades por Ásia e Europa, de 27 de maio a 14 de junho, a US$ 135 mil (R$ 485 mil): oesta.do/viaprivate.
Etihad: Dona da melhor primeira classe do mundo pelo ranking Skytrax 2015, o mais abrangente do mercado, com opiniões de 18 milhões de passageiros, tem a cabine The Residence, com sala, quarto e banheiro com chuveiro, a bordo dos voos entre Abu Dabi e Mumbai, Nova Iorque, Londres e Sydney. De São Paulo a Sydney, com metade do caminho feito na The Residence, custa US$ 40.828 (R$ 147 mil).
Air France: Já em terra, nos lounges de primeira classe, a dianteira do ranking é da Air France, que serve atualmente pratos assinados pelo
chef três-estrelas Michelin
Alain Ducasse. São Paulo-Paris-São Paulo custa US$ 6.372 (R$ 23 mil).
Lufthansa: Para aguardar o embarque nas melhores salas de espera em aeroportos, a Lufthansa tem os lounges campeões, segundo o Skytrax. Há áreas de descanso, chuveiro, guarda-roupa, despertador e espelho. Para poucos e bons, quase um hotel. São Paulo-Frankfurt-São Paulo,
R$ 30 mil.