Países da América Central querem turistas brasileiros

18 - Turismo                                    Anguilla criou o conceito de bolha, tanto para visitantes de curta como de longa                                    duração, para  que eles pudessem entrar na ilha e desfrutar de suas belezas

Há anos, Cancún é o destino preferido para viagens ao exterior

Mesmo antes do turismo da vacina, brasileiros embarcaram para o México ao longo de toda a pandemia. Com apelo no mercado nacional – Cancún frequenta as listas dos destinos preferidos para viagens ao exterior há anos -, o país foi um dos poucos que se mantiveram abertos para viajantes do Brasil. Agora outros pontos da América Latina e do Caribe divulgam que – ao contrário do que ocorre em muitas partes do mundo – brasileiros são, sim, bem-vindos. O foco é atrair, além do turista convencional, quem pode trabalhar de maneira remota ou ficar no país para a quarentena antes de ir aos Estados Unidos.

Panamá, Aruba, Belize, Curaçau, Anguilla, Bahamas… A lista só aumenta. “Nas últimas três ou quatro semanas, a maioria das viagens na região era para o México. Agora, com a retomada de voos e abertura de fronteiras, Aruba e Curaçau voltaram a ter demanda”, afirma Bruno Delfini, gerente de Produtos e Operações Internacionais da BWT Operadora. “A gente até lançou pacote para Aruba a partir de US$ 1.099, com aéreo e sete noites de hotel com café e transfer.”

O destino investiu numa oferta de relançamento, com a Copa Airlines, para o mercado brasileiro. “A partir de US$ 450 ida e volta, mais taxas, será possível visitar Aruba, partindo de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte ou Brasília. A compra tem de ser até 22 de junho, mas a viagem pode ser até 31 de outubro”, diz Carlos Barbosa, representante de Aruba no Brasil.

Segurança. “É um destino de férias ou mesmo para home office, já que a ilha oferece boa estrutura para trabalho remoto. Mais de 90% do PIB é proveniente do turismo, por isso, o destino implementou rígidos protocolos”, explica Barbosa. “Além disso, mais de 65% da população já está imunizada, o que traz ainda mais tranquilidade aos visitantes.”

Belize, na América Central, reforça que também é um destino seguro. “No ranking do CDC americano (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), está classificado com risco 1 de contaminação, o mais baixo”, informa o Madre Travel, escritório oficial do Turismo de Belize na América Latina.

Bahamas e a pequena Anguilla, no Caribe, mantiveram sua promoção turística no Brasil durante a pandemia. “Anguilla criou o conceito de bolha, tanto para visitantes de curta como de longa duração, para que eles pudessem entrar na ilha e desfrutar de suas belezas e praticidades em um ambiente limitado e controlado, para o cuidado com todos”, conta a porta-voz do Conselho de Turismo de Anguilla, Danielle Roman, presidente e CEO da Interamerican Network.

Os destinos estão de olho nos viajantes brasileiros (alguns até já vacinados) e não se posicionam necessariamente como um lugar para quarentena de quem busca imunização nos Estados Unidos.

Mas sabem que, pela posição geográfica, são uma opção. “A prioridade das Bahamas é a saúde e o bem-estar dos nossos cidadãos e visitantes. Estamos focados na vacinação dos residentes”, diz Giovanni Grant, gerente-geral de multidestinos do Ministério de Turismo e Aviação do país. “As Bahamas, pela proximidade e imensa disponibilidade de voos, especialmente para a Flórida, são um destino privilegiado pelos brasileiros a caminho aos Estados Unidos.”

Atrativos
Além do mar incrivelmente claro, os destinos têm boa infraestrutura hoteleira e de serviços. México e os países da América Central costumam guardar outro ponto em comum: sítios arqueológicos, com destaque para Chichén Itzá. A antiga cidade maia, declarada patrimônio mundial pela Unesco, fica a cerca de 2h30 de Cancún.

As regiões da América Central e do Caribe em geral podem ser acessadas do Brasil pela Copa Airlines. “A Latam está com voo direto São Paulo-Cancún agora na alta temporada. Vendeu superbem”, conta Delfini, da BWT.

A Aeromexico também é uma opção para a região como um todo, mas especialmente para os visitantes que queiram explorar a Cidade do México, com um stopover, ou seja, uma parada breve antes de seguir para outro destino. “Eles estão com voos diários e ótima ocupação. É um fenômeno por conta da facilidade. São poucos os países que fazem o que o México está oferecendo.” Para entrar no país, basta preencher uma ficha de saúde.

Leonel Reyes, diretor corporativo para a América Latina da rede RCD, confirma a preferência pelo México. “Reabrimos em julho de 2020 e o número de brasileiros em 2021 está crescendo de janeiro até hoje em 20% a cada mês.” O grupo tem o maior número de quartos nos principais destinos mexicanos: 2.864

Na hora de escolher para onde ir, é bom estar atento às exigências. No Panamá, por exemplo, há um teste adicional na chegada – em conexões no aeroporto, não é necessário esse exame, tampouco a vacina de febre amarela, requisito para visitar o país. Mesmo que o resultado seja negativo, o viajante tem de passar três dias de quarentena em hotel definido ou autorizado pelo governo – e depois desse período, fazer outro teste. Nas Bahamas, quem foi imunizado com Pfizer, Moderna, Janssen e AstraZeneca está isento de mostrar o PCR na entrada; Coronavac está fora da lista.

O que é Exigido?
Exceto no México, exames costumam estar entre as exigências dos países para a entrada de visitantes.

Anguilla: PCR-RT negativo (de 3 a 5 dias antes da chegada); US$ 300 de taxa (vacinados estão isentos e, após 1º/7, a cobrança será extinta).

Aruba: Vacina de febre amarela; PCR negativo (feito de 72 a 12 horas antes); seguro-viagem; seguro de Aruba para cobrir custos ligados à covid-19 – US$ 30 para maiores de 15 anos, US$ 10 para o restante.

Bahamas: Vacina de febre amarela; visto online de saúde; PCR-RT (feito no máximo 5 dias antes); teste de antígeno se ficar mais de 4 noites.

Belize: Vacina de febre amarela; certificado de vacinação, PCR negativo (até 96 horas antes) ou antígeno (até 48 horas); hotel aprovado pelo país.

Curaçau: PCR negativo (feito até 72 horas antes do voo); teste de antígeno no terceiro dia na ilha. Site: curacao.com.

Panamá: Vacina de febre amarela; PCR ou antígeno (até 48 horas antes); teste molecular (US$ 85) na chegada.

Por Nathalia Molina, especial para o Estadão | foto: divulgação