Quase metade da população adulta do Brasil é sedentária

Especialistas consideram alarmante resultado de pesquisa feita pela OMS

texto: Clarissa Pains/ infoglobo | foto: divulgação

Faça exercício! Quase metade (47%) da população brasileira adulta não pratica sequer o mínimo de atividade física recomendada, o que significa que essas pessoas correm risco elevado de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, demência e até alguns tipos de câncer. O dado, considerado alarmante por especialistas, é da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estudou os hábitos de pessoas acima dos 18 anos em 168 países, em 2016, e publicou a análise dos resultados recentemente, na revista ‘Lancet Global Health’.
O alto índice de sedentarismo no Brasil puxa para cima a taxa média da América Latina, que é de 39,1%. O país é, entre os latino-americanos, o que tem a população menos ativa.
A pesquisa revela que, no mundo, 1,4 bilhão de adultos fazem menos exercício do que deveriam. E o mais preocupante: o estudo mostra um aumento significativo no índice de sedentarismo em países de alta renda, onde as taxas de inatividade passaram de 32% em 2001 para 37% em 2016. Nas nações pobres, o aumento médio foi de apenas 0,2%.
Essas estimativas demonstram que, em 15 anos, não houve um progresso global nos níveis de atividade física. Segundo a principal autora do estudo, Regina Guthold, se a tendência se mantiver, a meta da OMS de que todos os países reduzam em 10% seus índices de sedentarismo até 2025 não será alcançada por praticamente nenhuma nação.
O médico João Felipe Franca, especialista em medicina do exercício e do esporte, destaca que a queda na prática de exercício físico pode ser considerada um efeito colateral do desenvolvimento urbano. O desafio dos países, agora, é encontrar meios de, mantendo o crescimento econômico, criar estrutura e Políticas Públicas que estimulem as pessoas a se exercitarem.
“O sedentarismo faz com que as funções vitais do corpo não utilizem o seu potencial total. Nossos tecidos de sustentação necessitam de estímulos. O corpo é uma máquina, portanto, precisa de movimento. Isso vai na contramão de um mundo cada vez mais automatizado, em que as pessoas não precisam correr atrás de alimento, literalmente, e não precisam fazer força para se deslocar”, diz Franca.
A OMS observou ainda que, em todos os países, com exceção de alguns da Ásia, as mulheres praticam menos exercícios do que os homens.