Previsão Ruim – Mudanças climáticas colocam a saúde em risco, diz estudo

Transformações ambientais progressivas prejudicam o bem-estar

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Desnutridas, menos produtivas, mais sujeitas a doenças infecciosas e catástrofes naturais. Este é o perfil das pessoas que estão mais vulneráveis às mudanças climáticas. Os danos à saúde provocados por eventos extremos foram tema de um estudo internacional publicado na revista ‘Lancet’. Segundo seus autores, as transformações ambientais provocadas pelo homem ameaçam minar os progressos realizados pela medicina nos últimos 50 anos.
“A resposta demorada às mudanças climáticas nos últimos 25 anos prejudicou a vida humana e seus meios de subsistência”, criticaram representantes das 24 organizações que elaboraram o relatório “A contagem regressiva: acompanhamento dos progressos em saúde e mudanças climáticas”. Os sintomas, ressaltam, são “potencialmente irreversíveis” e terão um impacto desproporcional no planeta, afetando principalmente os países que emitem menor quantidade de gases de efeito estufa.
No ano passado, a elevação dos termômetros tirou mais de 920 mil pessoas da força de trabalho. Também aumentou em 125 milhões, desde o início do século, o contingente de afetados pelas ondas de calor.
“O impacto tende a aumentar entre crianças e idosos” – disse o coordenador-geral de Pesquisas e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), José Marengo.

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Caos em Números

Poluição mata: a poluição atmosférica mata cerca de 18 mil pessoas por dia. Na amostra aleatória de cidades realizada pelos pesquisadores, concluiu-se que 87% estão violando as diretrizes de poluição atmosférica estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Catástrofes naturais: Entre 2000 e o ano de 2016, houve um aumento global de 46% nos desastres meteorológicos. Somente em 2016, foram registradas US$ 129 bilhões de perdas econômicas causadas por eventos relacionados às mudanças climáticas no planeta.

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SAIBA MAIS

Coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Saldiva destaca que, por pressão dos países desenvolvidos, a saúde nunca mereceu um capítulo próprio nos relatórios no Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. A denúncia às doenças acarretadas pelo caos climático só começou em 2013, quando a OMS debruçou-se sobre o tema.
“Houve um aumento da área de circulação de mosquitos transmissores de doenças porque as cidades estão mais quentes e, por isso, semelhantes às florestas tropicais, o seu habitat natural. Devemos mostrar às pessoas o impacto das mudanças climáticas em suas vidas, e não em um futuro distante”.