Peso corporal é fator de risco para adquirir a doença

Neste ano, quase 600 mil brasileiros devem ser diagnosticados com câncer, conforme estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Com o objetivo de incentivar a prevenção da doença, a União Internacional para Controle do Câncer (UICC) escolheu o combate à obesidade como tema da campanha do próximo Dia Mundial do Câncer, que será comemorado no próximo dia 4. Na mesma data, o Inca promoverá um bate-papo entre a população e especialistas sobre como evitar o problema através de um estilo de vida mais saudável.
De acordo com a nutricionista Maria Eduarda Melo, da Unidade Técnica de Alimentação, Nutrição e Câncer do Inca, já existem evidências científicas robustas de que o excesso de peso corporal é fator de risco para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer – como os de mama, próstata, cólon e reto, endométrio, ovário, esôfago, rins e vesícula biliar, entre outros.
“Há alguns mecanismos propostos para essa relação. Um deles é que a obesidade leva à alteração de hormônios cuja função é estimular a proliferação celular, como estrogênio, insulina e leptina. Essas mudanças inibem a apoptose, que é a morte programada da célula”, explica.
Por isso, manter uma dieta equilibrada é essencial. Diagnosticado com câncer colorretal em 2012, o técnico em química industrial Nevil Luis Teixeira Ribeiro, de 65 anos, sabe bem da importância de comer mais alimentos frescos e menos industrializados. No ano passado, o aumento das chances de sofrer desse tipo da doença foi diretamente associado ao consumo de carnes processadas, em estudo divulgado pela Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (Iarc).

inflamação

A obesidade também provoca um estado inflamatório crônico no organismo, o que favorece o aparecimento do câncer. Segundo o oncologista clínico Ronaldo Corrêa Ferreira da Silva, apesar de genética, a doença é multifatorial e decorre de erros na capacidade de multiplicação da célula.
“Os fatores de risco, como exposição à radiação, má alimentação e heranças genéticas, influenciam nas diferentes fases de desenvolvimento (do tumor)”, diz o médico, da Unidade Técnica de Exposição Ocupacional, Ambiente e Câncer do Inca.
Isso foi o que os médicos explicaram para o aposentado José Rodolfo Veríssimo, de 84 anos, que também se recupera de um câncer colorretal: “quando descobri, fiquei apavorado, mas se Deus quiser, acontecerá um milagre”.

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