Perigo mora nas embalagens

Sem padronização, maços de cigarro atraem jovens

Não é de hoje que associações contra o tabagismo travam uma batalha pela padronização das embalagens de cigarro. A justificativa, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), é que as cores e o design atraem os olhares de jovens e diminuem o impacto das advertências sanitárias. Em abril de 2015, a Anvisa aprovou a obrigatoriedade de alerta de saúde em 30% da parte frontal dos maços – mas ainda é pouco, dizem especialistas.
“As embalagens são lindas, usadas como propaganda e colocadas ao lado de balas e chicletes”, diz Tânia Cavalcante, secretária executiva da Comissão Nacional para Implementação da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco do Inca: “é preciso reconhecer o tabagismo como doença pediátrica”.
O Inca estima que 80% dos fumantes começaram antes dos 18 anos. O alvo da indústria, portanto, são mesmo os jovens, alertam psicólogas.
“As embalagens fazem parte do processo de comunicação, pelas formas, tamanhos e cores, que estimulam sensações em cada indivíduo”, diz a psicóloga do Centro Multidisciplinar Fluminense Mirella Benevenuto. “Como os jovens estão neste universo de consumo, são mais estimulados a novas experiências”.
A psicóloga Suely Pimenta Quirino alerta para quem está mais suscetível ao vício: “podem ser jovens influenciados pelo grupo, impulsivos, com baixos desempenho escolar e autoestima”.
A Aliança de Controle ao Tabagismo lançou, nesta semana, petição para a padronização do tabaco. Com a hashtag #AcabouODisfarce, ela alega que as crianças estão na mira da indústria do tabaco.

texto: Elisa Clavery
texto: Elisa Clavery