O que é e como evitar a ‘síndrome do imperador’ o reizinho da casa

Antes de mais nada, os pais precisam se ‘despir’ de toda culpa

texto: Evelin Azevedo – infoglobo | foto: divulgação

Às vezes, os pais não percebem, mas são os filhos que mandam na casa. Quando as crianças tomam conta do espaço e decidem o que será feito pela família em determinada situação, há grande chances de que elas estejam apresentando a ‘síndrome do imperador’. Não é uma doença, mas um tipo de comportamento. Os pequenos se sentem os ‘reizinhos’ da casa.
“É quando a criança comanda tudo, e os pais não conseguem dizer não a ela. Isso pode aparecer em crianças bem novas, de 4 anos”, revela a psicóloga Livia Marques.
Apesar de a síndrome estar associada à personalidade da criança, os pais costumam contribuir para que este comportamento surja. Ocorre principalmente se os cuidadores são ausentes ou permissivos.
“Crianças que possuem este comportamento de ‘reizinhos’ da casa, na maioria dos casos, têm pais permissivos, aqueles que em geral trabalham o dia inteiro ou que sofreram muito na infância e adolescência, não chamam a atenção do filho ou dão presentes para compensar a ausência, permitindo que a criança faça tudo o que quer”, detalha Livia.
A intenção do pai ou da mãe não é fazer mal ao filho, claro. Por isso, é preciso corrigir o comportamento da criança antes que ela passe a sofrer consequências de seu ‘temperamento forte’.
“A criança vai testando os pais e percebe que os limites não são dados. Isso pode influenciar negativamente na relação da criança com o sentimento de frustração. A frustração, nos primeiros anos de vida, desenvolve em nós o mecanismo de autorregulação, que faz com que saibamos nos comportar diante de uma situação. Se os pais privam a criança dessa experiência, dão ao filho a sensação de poder”, alerta Luciana Brites uma das fundadoras do Instituto NeuroSaber. Problemas de relacionamento na escola e com o restante da família são comuns em crianças com a síndrome.
Normalmente, elas têm dificuldade de sentir empatia (colocar-se no lugar do outro), gostam de mandar nos amiguinhos e acabam isoladas, já que os colegas não se sentem confortáveis e não gostam de estar ao lado delas.

Saiba Mais

Antes de mais nada, os pais precisam se despir de toda culpa, reconhecer que o filho está passando dos limites e tomar uma atitude. Especialistas dizem que este é o melhor caminho. “Os filhos não vêm com manual de instruções. Um vai ser diferente do outro. Portanto, é preciso que os pais tirem o caminhão de culpa das costas. Isto é necessário para que eles tenham novas atitudes como responsáveis destas crianças”, afirma Livia.
Para evitar ou reverter comportamentos assim nos filhos, os pais devem passar a estabelecer regras claras e manter diálogo constante com as crianças, mostrando que são eles que dão as cartas em casa. Deixar os filhos informados sobre como serão os castigos caso descumpram as regras é outro fator importante. Mas atenção: é preciso cumprir a punição prometida, caso contrário, sua autoridade entra em descrédito. “É importante que os pais também sejam exemplos para os filhos. Às vezes, queremos que a criança seja educada, mas nós não damos este exemplo. Então, os pais não devem ser intolerantes e autoritários“, finaliza Luciana.
Caso os responsáveis tenham dificuldade de conduzir a mudança sozinhos, é aconselhável procurar ajuda de profissionais de psicologia ou conversar com algum educador da escola do filho para buscar orientações.