Nos passos de ‘A Princesa e o Plebeu’ – Roma

Clássico de Hollywood inspira tour na cidade em um dia só

texto: Por Adriana Moreira/agência estado | fotos: divulgação
texto: Por Adriana Moreira/agência estado | fotos: divulgação

No filme A Princesa e o Plebeu, de 1953, Audrey Hepburn é a princesa de um país europeu não definido, cansada de uma vida de tchauzinhos, sorrisos e uma alternância de respostas prontas: “yes, thank you” e “no, thank you”. Depois de uma turnê de visitas pela Europa, ela decide fugir da embaixada de seu país, onde está hospedada, para desbravar Roma em um só dia.
Repleta de pontos históricos e patrimônios da Unesco, muitos dos pontos por onde a Princesa Ann se aventura na cidade, em companhia do jornalista Joe Bradley (Gregory Peck), continuam idênticos. Há algumas sutis diferenças – não passam mais carros em frente ao Templo de Saturno, no Fórum Romano, como na época do filme, por exemplo.
Além disso, a Roma de hoje está cheia de regras questionáveis – algumas, de fato, para proteção de seus tesouros milenares diante da multidão de turistas que percorre seus principais pontos turísticos diariamente. Sendo assim, se refrescar do verão na cidade entrando nas fontes históricas pode render multas de até 240 euros.
Outras, como a recente proibição da venda de bebidas alcoólicas depois das 2 da manhã nas principais áreas de vida noturna da cidade, beiram o paternalismo e enfurecem os comerciantes.
Tomar um inocente gelatto nas escadarias da Piazza di Spagna, como fez a protagonista, também está proibido.
De qualquer forma, será preciso mais do que um dia para ir além dos pontos turísticos mais famosos de Roma. Mas se seu objetivo é ter um gostinho dos pontos retratados no filme, siga o roteiro abaixo.

Pela Via Margutta, antiga feira livre, ainda dá para comprar lembrancinhas e badulaques
Pela Via Margutta, antiga feira livre, ainda dá para comprar lembrancinhas e badulaques

PRIMEIRAS CENAS
O encontro
Inteiramente filmado em Roma, A Princesa e o Plebeu começa com uma tomada panorâmica da Piazza del Popolo (Praça do Povo), cujo design exibido hoje foi criado entre 1811 e 1812 por Giuseppe Valadier. Mas os protagonistas se encontram pela primeira vez em frente ao Templo de Saturno, construído em homenagem ao deus Saturno no século 5º a.C. (e reconstruído algumas vezes). Joe Bradley caminhava por ali quando ficou intrigado com a moça que dormia na mureta. Um táxi passava logo em frente (algo impossível atualmente, já que a via é fechada para carros). Para ficar exatamente no mesmo ponto onde os protagonistas se encontraram, é preciso entrar no complexo do Fórum Romano – o ingresso (12 euros) é integrado ao do Coliseu. Evite filas: compre antes em coopculture.it/en. Vale a pena fazer um tour guiado.

HUMILDE RESIDÊNCIA
Cafofo e palacete
A princesa havia tomado um calmante mais cedo e não acordava. Sem saber onde ela morava, e sob pressão do taxista, Bradley acaba levando a garota para seu cafofo, ops, casa, na Via Margutta, 51. A rua, tranquila e com localização central, foi morada de artistas como Frederico Fellini e Pablo Picasso. Hoje, é repleta de galerias de arte, mas mantém o ar bucólico. Já a embaixada/palacete onde se hospedava a Princesa Ann tinha dois endereços: a fachada era do Palazzo Barberini (barberinicorsini org; 10 euros, ingresso combinado com a Galeria Corsini), do século 17. Os lindos salões do interior, que aparecem nas últimas cenas, são do Palazzo Colonna (galleriacolonna.it). A entrada custa 12 euros, e inclui tour guiado (meio-dia em inglês; não há em português).

CIRCUITO BÁSICO
Compras e Fontana
Assim que sai da Via Margutta, Audrey Hepburn encontra uma feira livre. O movimento das ruas hoje não é de feirantes (embora haja alguns camelôs), mas de turistas. Se quiser levar lembrancinhas e badulaques (inclusive com referências ao filme), esta é a área. Enquanto a segue, Peck acaba comprando um melão inteiro – barracas hoje vendem frutas descascadas e picadas, em um copinho, por 4 euros, em média. Depois, a princesa dá de cara com a Fontana Di Trevi antes de cortar os longos cabelos na barbearia em frente, na Via Della Stamperia (o local, hoje, é uma loja de bolsas).

DIA DE PRINCESA
Sorvete ou champanhe?
Ann e Bradley voltam a se encontrar na Piazza Di Spagna. Embora não haja nenhum carrinho de gelatto, há muitas sorveterias próximas. Só não tente se sentar com seu sorvete na escadaria enquanto admira o movimento e a Fontana Della Barcaccia: os guardas vão dar uma bronca. De lá, a dupla segue para o café G Rocca, no Pantheon, que não existe mais. Se quiser sentar por ali, há outros restaurantes com mesinhas externas para ter seu Dia de Princesa e, como ela, pedir champanhe (9 euros a taça no Scusati il Ritardo).

DE LAMBRETA
Além do Coliseu
A princesa e o jornalista saem de lambreta pelas ruas de Roma, dão uma paradinha no Coliseu (faça um tour guiado, como eles; é só ver os horários com guias disponíveis na entrada) e fazem uma confusão pela cidade. Dá para alugar uma lambreta e dirigir pela capital? Dá. Mas o trânsito da cidade é caótico (embora os italianos se entendam perfeitamente). Em vez de alugar, talvez seja melhor ir na garupa, como no tour da Dearoma (dearoma.it) – eles até têm um tour com o nome do filme (a partir de 160 euros).

HORA DA VERDADE
Diz a lenda
Minha cena favorita do filme é quando eles vão visitar La Bocca Della Veritá (a Boca da Verdade), escultura em mármore que fica no pórtico de Santa Maria in Cosmedin, próximo ao Circo Massimo. Esculpida no século 1º, ninguém sabe de fato qual era a função original da peça. No filme, o personagem de Gregory Peck explica a lenda: se alguém que estiver mentindo colocar a mão ali, será decepada. Para tirar uma foto como no filme, é preciso enfrentar fila e ficar de olho no horário: das 9h30 às 17h ou 18h (dependendo da época do ano). Grátis.

À BEIRA-RIO
Mocinho salva a mocinha
No verão, às – margens do Rio Tibre (Tevere, em italiano) ficam repletas de bares temporários na altura do Castelo de Sant’Angelo que dão ares praianos ao local, com muita música, drinques geladinhos e cinema ao ar livre. Já era assim na época do filme: Ann e Bradley vão em um desses bares e são surpreendidos por agentes que querem levar a princesa de volta. O mocinho, claro, salva a mocinha em meio à confusão generalizada – e, finalmente, acontece o esperado beijo entre os protagonistas.

CINECITTÀ
Fábrica de sonhos
A Princesa e o Plebeu está entre as mais de 3 mil produções que utilizaram as instalações da Cinecittà desde 1937 – incluindo obras de diretores como Federico Fellini, Bernardo Bertolucci e Martin Scorsese. É possível visitar os estúdios diariamente – ingressos a 10 euros para a mostra que reconta a história do cinema por meio de imagens históricas e 20 euros com visita guiada ao set de filmagem (em inglês há dois horários: 11h30 e 15h30).