Noite Sem Fim estreia no Brasil

Ed Harris e Liam Neeson dão entrevista sobre o filme

Os personagens têm uma relação que muda dramaticamente, a gente conversa, mas também se golpeia e dá tiros
Os personagens têm uma relação que muda dramaticamente, a gente conversa, mas também se golpeia e dá tiros

Liam Neeson e Jaume Collet-Serra já fizeram vários filmes juntos. Respeitam-se, mas, como em qualquer relacionamento, existem momentos de tensão e atrito. “Esse cara é ‘a pain in the ass’, um saco”, diz o ator na entrevista sobre Noite Sem Fim, realizada em Nova Iorque. O thriller hollywoodiano do espanhol Collet-Serra estreou quinta-feira (30). Neeson conta – “Jaume não é muito de conversar com os atores. Quando começa a filmar, ele é do tipo que já tem o filme pronto na cabeça, e a gente que se adeque”.
Baixa o paizão e Liam Neeson fala com admiração do sueco Joel Kinnaman, que faz seu filho. “Joel é muito focado e talentoso. Quisera eu ter sido assim, quando tinha a idade dele. Não teria dado tantas cabeçadas na vida”. Sobre ter virado um astro de ação, é sucinto. “Não procurei, simplesmente aconteceu. Tem a ver com essa cara amassada e esse físico de estivador”, brinca. Mas correndo, dando porrada, eventualmente fazendo comédias românticas ou participando de um filme ‘diz que nunca perde de vista o fato de ser um ator.
O encontro ocorre não muito tempo depois da outorga do Oscar e o repórter provoca. Certas cenas de diálogos são muito boas, mas os votantes da Academia jamais pensariam nesses personagens como dignos de premiação. “Que bom que você gostou, porque na realidade não é fácil fazer essas cenas que eu chamaria, sem nenhuma intenção pejorativa, de dramaticidade ‘média’. Não é Shakespeare, mas também não é banal, já fui indicado para o Oscar e não creio que aqueles papéis fossem mais difíceis”, reflete Harris. Embora tenha uma filmografia respeitável , sua vida é o teatro.
Ed Harris prossegue – “Esse cara (Neeson) estourou com os filmes da série Taken/Busca Implacável, e eu não fiz muitos desse gênero. E aí veio a oportunidade de trabalhar com ele, e em um filme que realiza o que gosto e sei fazer. Nossos personagens têm uma relação que muda dramaticamente, a gente conversa, mas também se golpeia, dá tiros. Nossos clássicos estão lá, a densidade, o valor literário dos diálogos, mas com nova roupagem”. Liam Neeson não duvida – “acho que o filme tem realmente uma qualidade mítica. Já o vi e gostei da química que tenho com Ed, com Joel (Kinnaman, o filho). E, quando isso ocorre, o público embarca”.

Gostei da química que tenho com Ed e com Joel nas cenas
Gostei da química que tenho com Ed e com Joel nas cenas

Os ‘velhos’ veem com bons olhos a nova geração que avança em Hollywood. “Dizem que os filmes andam infantilizados, que só têm efeitos, mas não é verdade. Mesmo os longas de super-heróis andam cada vez mais complexos. Não se pode querer que os filmes sejam feitos do mesmo jeito para espectadores que hoje se ligam em diversas telas (a do cinema e a do celular)”, reflete Harris. Kinnaman diz que foi gratificante trabalhar com Neeson e com Harris. “A segurança e tranquilidade deles foram inspiradoras”.