Las vegas – O caro e o barato

Cobiçada, a cidade dos cassinos e luzes pode ser acessível ou esbanjadora

TEXTO: Por Mônica Nobrega/AE | FOTOs: divulgação
TEXTO: Por Mônica Nobrega/AE | FOTOs: divulgação

Na terceira vez em que passa diante da esfinge egípcia na fachada do hotel Luxor e se pega pensando que talvez aquilo não seja assim tão estranho, você percebe que entrou no clima de Las Vegas. É como se diz: se está no inferno, melhor abraçar o capeta.
Nove anos depois e a 13 dias da chegada da Tocha Olímpica ao Maracanã, palco da cerimônia de abertura (e de encerramento) da maior competição esportiva do mundo, a cidade ainda se esforça para fazer a experiência dos cerca de 1 milhão de turistas aguardados por lá ao longo do ano ir além das disputas em 28 modalidades.
O inferno, no caso, era bem real. Na primeira semana de agosto, alto verão, a temperatura passou dos 40 graus todos os dias. Mas é justamente por causa do calorão que pode valer a pena escolher essa época para ir a Vegas, caso o objetivo seja economizar. As diárias dos hotéis ficam mais em conta para atrair visitantes ao clima inóspito do deserto. Vários, inclusive, estavam com lotação máxima. Se for o estilo, é possível ficar em um hotel de luxo pagando preço de quatro-estrelas.
Pela variedade de opções, inclusos aí restaurantes, shows noturnos e passeios durante o dia, Las Vegas é um destino bem adequado para viagens em que é preciso equilibrar o orçamento. Dá para fazer tudo do jeito mais acessível, ficando em hotéis ultrabásicos em plena avenida principal, a Las Vegas Boulevard, rebatizada de Strip em seus 8 quilômetros mais turísticos, e comendo em bufês de preço fixo – todos os maiores hotéis têm um, com valores entre US$ 29,90 e US$ 39,90 por pessoa para se servir à vontade.

NOITES TEMÁTICAS
Lado a lado, Torre Eiffel, silhueta dos prédios de Nova Iorque, castelo inglês, canais de Veneza, tudo falso como uma nota de 3 dólares. São todos hotéis. Dormir e acordar em hotéis temáticos é uma forma de mergulhar na alucinação coletiva que é Las Vegas. Dá para fazer isso com níveis variados de bom gosto – e de preço, claro. As diárias a seguir são as mínimas e variam com a época do ano.

MENOS DE US$ 100
Excalibur: US$ 29. As diárias mais acessíveis da Strip. Inspirado em Camelot, o castelo do rei Artur, tem pontiagudas torres vermelhas e azuis que lembram um parquinho infantil. Quartos funcionais, mas antigos e sem charme.
Luxor: US$ 50.
Por causa do formato de pirâmide, muitos quartos têm janelas inclinadas. Na fachada decorada com hieróglifos está um dos principais cenários de selfies da cidade, a esfinge. À noite, o Luxor acende seu potente facho de luz que ilumina o céu a partir do topo da pirâmide, com efeito bonito e marcante.
Paris Las Vegas: US$ 59. Arco do Triunfo, Torre Eiffel, telhados parisienses e muita mangueira de luz néon com um quê de quermesse de cidadezinha formam uma fachada equivocada. Mas o hotel está bem em frente às fontes dançantes do Bellagio e tem os quartos mais interessantes dessa faixa de preço, decorados em um estilo francês sem exageros
New York, New York: US$ 60. Quartos corretos, mas sem graça. A localização na Strip é central, com a nova arena T-Mobile e a área de restaurantes The Park como vizinhas de parede. A montanha-russa The Big Apple, com trilhos que serpenteiam em frente ao Empire State Building, ao Chrysler Building e à Estátua da Liberdade, é a principal atração do hotel (US$ 14).

MAIS DE US$ 100
Caesars Palace: US$ 130. As colunas altas, a escultura da Vitória de Samotrácia e até o Coliseu formam um dos visuais externos mais equilibrados de Vegas – dentro da proposta, claro. Os quartos deixam a temática romana da porta para fora; têm decoração mais suave.
The Venetian: US$ 159.
Entre os canais de Veneza, onde turistas navegam em gôndolas (US$ 24 por pessoa) está a cenografia mais caprichada entre os hotéis temáticos de Las Vegas. Tem afrescos, Grande Canal, Ponte Rialto, Ponte dos Suspiros e uma Praça São Marcos surpreendentemente agradável, tudo sob um forro pintado de céu que dá mesmo a impressão de que você parou para uma taça de vinho ao ar livre. O The Venetian é o mais elegante entre os hotéis temáticos de Vegas, o que se estende aos quartos.

SONO DISCRETO
Não ter cassino é um dos termômetros da elegância hoteleira em Vegas – embora existam opções que conseguem combinar luxo (ou pelo menos discrição) e jogatina. Hotéis sem cassino também são sempre mais tranquilos.

MENOS DE US$ 100
The Linq: US$ 45. Hotel para moçada, com arquitetura, decoração e clima modernos, e quartos com pinturas coloridas nas paredes – alguns têm beliches.
Rumor: US$ 55. Hotel butique moderninho, com ênfase em arte contemporânea. Fica a duas quadras da Strip – em Vegas, isso significa 1,7 quilômetro ou 20 minutos de caminhada. Não tem cassino.
SLS: US$ 79. O projeto dos interiores é do designer francês Philippe Starck: muito branco, espelhos, metais e algum rococó afrancesado. Fica na parte norte da Strip.

MAIS DE US$ 100
Delano: US$ 119. O prédio douradão faz o luxo caber em orçamentos medianos. O hotel está todo reformado, tinindo; os quartos têm pelo menos 67 metros quadrados.
Aria: US$ 139. Paredes externas de vidro e muito espaço são as melhores coisas dos quartos desse hotel bem moderno, no centro do burburinho da Strip. Tem cassino.
Seu vizinho e irmão gêmeo Vdara é mais novo, tem quartos ainda maiores, nada de cassino, um público na linha executivos bem-sucedidos de 30 anos e diárias desde US$ 109.
Mandarin Oriental: US$ 199. É a unidade mais acessível no planeta dessa rede de hotéis superluxuosos. Fica no centrão da Strip, sem cassino e sem cigarro.

VER DO ALTO
A Strip é só um pontinho, uma exceção; o aglomerado de prédios e luzes é cercado por uma cidade térrea, horizontal, e por montanhas áridas atrás das quais o sol se põe bonito. Para ter essa vista, vá ao alto. Bares, roda-gigante e parque de diversões funcionam como perfeitos mirantes.

GRATUITOS
Mandarin Bar: Uma autêntica ‘hidden gem’, que é como os americanos chamam lugares pouco conhecidos da massa de turistas. Fica dentro do Mandarin Oriental, hotel que não tem cassino, nem entrada de pedestres a partir da rua. Para chegar andando, só por dentro do shopping The Shops at Crystals. O Mandarin Bar fica no 23º piso e tem três das quatro paredes completamente envidraçadas, de forma que não há mesa mal localizada. Vê-se a Strip ao norte e ao sul. Há petiscos, mas, além da vista, é pelos coquetéis que se vai até lá. O mais provocante deles, a margarita de pepino, coentro, tequila, limão e claras em neve, custa US$ 18. Reserve.

107 Sky Lounge: O bar na torre do hotel Stratosphere, a mais alta de Las Vegas, é menos classudo, mas fica bem mais alto, no 107º andar. Do norte se vê toda a Strip e Las Vegas em 360 graus. A vista noturna é a mais bonita. O martini clássico, a bebida premiada do bar, custa US$ 15; uma cerveja Blue Moon, Guinness ou Stella Artois, US$ 8. Vale reservar.
PAGOS
Stratosphere:
No alto da torre do Stratosphere também é possível admirar a vista (US$ 20) e se desafiar nos brinquedos do parque de diversão. Sky Jump é um bungee jumping a 250 metros de altura (US$ 119,99); Big Shot, um elevador com 50 metros de queda livre (desde US$ 25); no Insanity, um braço mecânico se projeta para fora da torre, com garras giratórias onde se sentam os valentes (US$ 25); e Scream (US$ 25) faz um carrinho deslizar sobre trilhos também para fora da torre, com a Strip lá embaixo.
High Roller: Desde US$ 23. A volta na roda gigante High Roller, inaugurada em 2014 no boulevard do hotel The Linq, leva a 168 metros de altura. É a roda-gigante mais alta do mundo (conta que considera os mais de 10 metros de altura da base), maior que a Singapore Flyer e a London Eye.
A localização é boa, mas não maravilhosa; os hotéis Flamingo e Harrah’s escondem alguns pontos de destaque da Strip. Além da volta básica, diurna ou noturna (desde US$ 30), com 30 minutos de duração, há opções como happy hour (US$ 28; bebidas à vontade por meia hora), degustação de chocolates (às quintas-feiras; US$ 52), aula de ioga e festas de casamento dentro das cabines para até 40 pessoas cada.

O Mandarin Bar fica no 23º piso e tem três das quatro paredes envidraçadas
O Mandarin Bar fica no 23º piso e tem três das quatro paredes envidraçadas