exercício físico Em benefício do crescimento na adolescência

Atividade física nessa fase deve ser feita com cautela para evitar danos

texto: Ana Paula Blower /infoglobo | foto: divulgação
texto: Ana Paula Blower /infoglobo | foto: divulgação

A busca por um corpo ideal envolve, muitas vezes, exagero – sem levar a lugar nenhum. A filha do cantor Dudu Nobre, Olívia Soares, teve mais um desmaio, dessa vez, na escola. A adolescente de 15 anos já tinha passado por isso em março, enquanto treinava. O sambista disse ter conversado com ela para convencê-la a reduzir a rotina de atividades físicas. Olívia pratica crossfit, judô, jiu-jitsu, levantamento de peso e musculação seis vezes por semana.
De forma geral, dizem especialistas, a prática de atividade física na adolescência é fundamental: contribui na socialização e no crescimento. Mas isso só ocorre de forma saudável se houver orientação e acompanhamento profissional.
“Exercício é um instrumento de saúde e não deve provocar danos. Quando sintomas anormais são repetitivos, requer avaliação clínica para entender o porquê: se o exercício está desproporcional ao estado biológico, se as condições estão contempladas (como temperatura do local), alimentação, hidratação” – enumera Claudio Gil, cardiologista e especialista em medicina do exercício.
A pediatra Patrícia Haddad, do Hospital Municipal Evandro Freire, lembra que antes de iniciar a prática de qualquer exercício, deve-se realizar exames, como cardiológico e de pressão arterial, para identificar se há alguma impossibilidade. Ela chama atenção ainda para o desejo de atingir padrões de beleza e ultrapassar os limites: “o adolescente fica tão focado em ter o modelo de corpo malhado, magro, que vai se sobrecarregando, sem se preparar. Não se alimenta, não descansa. Isso pode gerar uma hipoglicemia e sobrecarga”.

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O especialista em fisiologia do exercício, Gilberto Coelho ressalta que o recomendado é exercitar-se até cinco vezes na semana por uma hora ou uma hora e meia. A dosagem deve contribuir para o crescimento e não o contrário, alerta.
“O adolescente ainda está na fase do estirão e, se desgasta demais, pode ter comprometimento metabólico, ósseo, muscular, lesionar articulações, como joelho, quadril” – pontua.
Ainda como consequência, ele cita o chamado overtraining (excesso de treinamento, em português), em que a pessoa pode ficar doente com facilidade, sentir-se muito cansado e até passar a não ter resultados diante dos treinos.
Para evitar esses problemas, o ideal é montar uma planilha de treinos, adaptada ao perfil do jovem, que pode ser acompanhado pelos pais.
Para Gilberto, a receita à prática saudável está ainda na escolha do exercício, que deve ser algo do qual o adolescente goste e se sinta bem.