Encontro das Artes – MIAMI

Descanse um pouco da praia e explore a arte

Nas ruas a identidade dos grafites ressuscitaram o bairro de Wynwood e a vivacidade das cores deu novo fôlego à cidade  TEXTO: Felipe Mortara | foto: divulgação
Nas ruas a identidade dos grafites ressuscitaram o bairro de Wynwood e a vivacidade das cores deu novo fôlego à cidade
TEXTO: Felipe Mortara | foto: divulgação

“A essência de Miami sempre esteve ligada ao dinheiro”, confidencia com alguma naturalidade o gerente de uma cadeia de hotéis. De fato, “ter” e “mostrar” são verbos recorrentes na cidade. Pela ampla janela avistávamos a marina de Coconut Grove, na qual iates e veleiros milimetricamente ancorados só faziam confirmar a tese. Avenidas povoadas por Ferraris e Maseratis, onde sapatos Louboutin e bolsas Louis Vuitton parecem ter vida própria. Contudo, para olhos treinados, Miami pode ir muito além do óbvio.
A capital latina dos Estados Unidos vibra de um jeito diferente do resto do país e fala língua própria. Só um desavisado se espantaria com a frequência com que se escuta espanhol. Entre os cerca de 450 mil habitantes, muitos colombianos, argentinos e inúmeros cubanos fizeram da cidade seu lar e ajudaram a desenvolver uma faceta ao mesmo tempo plural e única.
Miami é quente, em vários sentidos. Calor o ano todo, principalmente entre junho e agosto, é refúgio invernal de norte- americanos. Aqui não neva, e a vida se faz ao ar livre, a não ser quando se vai ao shopping ou a algum dos disputados outlets nos arredores. Por aqui o estilo é “despojado-mas-preocupado”, e, quan-
to mais perto do mar, menos roupa se veste.
Principal praia e região mais icônica, South Miami Beach ainda é uma das definições mais românticas da cidade. À beira-mar, por toda a Ocean Drive, turistas disputam mesas de bares e restaurantes que colorem o horizonte com prédios baixinhos em estilo art déco da década de 1920.
Em pouco tempo descobre-se que Coral Gables e Key Biscayne, por exemplo, não são apenas nomes de condomínios ou empreendimentos imobiliários de cidades brasileiras, mas bairros de uma cidade plana e extensa. Miami se espalha por 143 quilômetros quadrados (um pouco menos da área de Aracaju) – não estar de carro pode ser uma chatice para quem pretende visitar muitos pontos em um só dia. As praias de maior destaque e mais bacanas para banho, South e North Beach e Bal Harbour, ficam na Ilha de Miami Beach, ligada ao continente por cinco pontes principais.
Se antes muita coisa se restringia à região litorânea, hoje boa parte da atual vida fervilhante de Miami está do lado do centro, o chamado Downtown. Uma caminhada por ali revela os ares cosmopolitas da cidade, com arranha-céus de respeito e uma intensa vida mercantil, bem diferente do jeitão mais descompromissado de Miami Beach.
Embora nunca tenha deixado de ser uma ‘meca’ das compras para brasileiros, Miami ampliou seu repertório de atrativos. As artes são hoje o principal eixo dessa mudança e há algumas explicações para isso. A expansão do fenômeno Romero Britto. A Art Basel, uma das maiores exibições de arte do mundo, que este ano chega à 14ª edição. O crescimento de acervos de museus festejados, como o Pérez e o Wolfsonian. E, nas ruas, a identidade dos grafites que ressuscitaram o bairro de Wynwood e a vivacidade das cores que deu novo fôlego à cidade. Sem contar a arquitetura vanguardista pelas lojas que pululam no Design District. Indícios não faltam de que a essência de Miami está mudando – e para melhor.