Empresas aéreas terão de rastrear malas

texto: Por Igor Moraes, especial para O Estado/agência estado | foto: divulgação

O número de bagagens extraviadas no transporte aéreo mundial vem sendo reduzido nos últimos dez anos – em 2016, caiu 7,2% em relação ao ano anterior –, enquanto o total de passageiros aumentou. Mas saber desse cenário positivo não alivia o desconforto quando a mala que não aparece na esteira do aeroporto é justamente a sua.
Para combater o problema, que afeta também a imagem das empresas aéreas, entra em vigor em 1.º de junho de 2018 a Resolução 753 da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), que obriga as companhias a rastrearem todas as malas que transportam. O monitoramento deverá ser feito em quatro pontos-chave do trajeto: no check-in; no transporte da mala ao porão da aeronave; no desembarque; e na entrega ao passageiro.
O rastreamento de bagagens ainda é um problema para brasileiros. O equipamento Trakdot, que usa tecnologia de celular para traçar o caminho da mala, deixou recentemente de ser vendido no Brasil – o dólar alto inviabilizou a importação, segundo Alex Manhas, representante de vendas da empresa no Brasil.
Vítima de extravio de bagagem em uma viagem a Recife, a estudante Juliane Jantolsky, de 22 anos, criou com amigas um equipamento similar, que atualmente só existe em forma de protótipo. As jovens procuram parceria para comercializar a invenção.
Ao menos duas companhias aéreas – ambas dos Estados Unidos – já adotam tecnologia de identificação das malas por radiofrequência. O sistema é conhecido como RFID.
A Delta adotou no fim do ano passado o RFID. Um chip é inserido dentro da etiqueta que a mala recebe no momento do check-in e emite sinais de radiofrequência que mostram sua localização. Todo o percurso pode ser acompanhado pelo passageiro por meio do aplicativo Fly Delta, que dispara notificações com a localização da bagagem em pontos críticos da viagem.
Outra companhia que informa a localização da mala ao passageiro via aplicativo é a American Airlines – mas apenas nos casos em que a peça chega ao aeroporto de destino antecipadamente ou com atraso.
Entre as aéreas brasileiras, a Latam informou que adotou um sistema chamado de Bag Manager, com registro das bagagens despachadas e GPS nos carros que transportam malas nos pátios dos aeroportos. Gol e Azul disseram que ainda estão analisando a tecnologia a ser adotada para cumprir a Resolução da Iata.
O extravio de bagagens no transporte aéreo mundial chegou no ano passado ao menor número de ocorrências, de acordo com o Relatório de Bagagens anual da Sita, empresa de tecnologias da informação para aviação que faz o estudo sob encomenda da Iata. Foram 5,73 malas extraviadas para cada grupo de 1 mil passageiros em 2016, um total de 21,6 milhões de peças. No ano anterior, o índice foi de 6,53 peças de bagagem extraviadas para cada 1 mil viajantes, um total de 23,3 milhões de malas.

PROTÓTIPO
Ao ter a mala extraviada e nunca mais devolvida em dezembro de 2014, em uma viagem a Recife e Maragogi, a estudante Juliane Jantolsky se incomodou principalmente com a falta de informações “Toda informação estava com a companhia aérea. Até hoje não sei se alguém pegou a mala, se alguém roubou”, conta.
O episódio rendeu inspiração para criar o protótipo de rastreador Back2’U com as amigas de faculdade Amanda Carvalho, Beatriz Schiavi e Clara Santandrea. O protótipo foi apresentando como projeto de conclusão do curso de engenharia de produção do Instituto Mauá de Tecnologia. Colocado dentro da mala, o aparelho emite sinais da localização para um aplicativo. As estudantes buscam parceria para comercializar o produto.
Uma opção no mercado nacional é a mala Bluesmart, que vem com GPS. Mas o custo é alto: de R$ 2.790 a R$ 3.190.