DIALOGANDO SOBRE: Lição de casa: mocinha ou vilã?

Carolina Baratto da Cruz Kassabian
Psicóloga e Psicopedagoga CRP 06/84907

Lição de casa é todo e qualquer tipo de atividade que tem o objetivo de rever ou estudar aquilo que se aprendeu em sala de aula. Quase que a totalidade dos professores concorda que é um recurso valioso à aprendizagem. No entanto, esse tipo de dever é encarado como um fardo pela maioria dos alunos, que foge da tarefa das formas mais criativas possíveis. Afinal, lição de casa é para o bem ou é para o mal?
Muitos estudos, que avaliam o desempenho escolar, afirmam que quanto maior a prevalência da lição de casa nas escolas, maior é o desempenho dos alunos, pois os trabalhos extraescolares ampliam o tempo de aprendizagem, estimulam a independência nos estudos e aproximam a escola da família.
Porém, para que o aluno possa desfrutar dos benefícios é importante que a tarefa seja bem elaborada, com instruções suficientes para resolvê-la de forma independente e que sua finalidade não seja outra se não de rever conceitos aprendidos na escola.
Se o dever não ficar claro para o estudante, se não for possível de ser realizado de forma autônoma ou se funcionar como castigo por um mau comportamento, os efeitos serão negativos e de mocinha ela passará a vilã, pois poderá se transformar em fonte de desinteresse, cansaço e
estresse.
O modo como a família lida com o dever de casa também interfere no desempenho do aluno. Se for tratada como algo sem importância, as
chances da criança ou do adolescente desvalorizarem a lição aumentam. Por isso, estabelecer uma rotina em que haja espaço para o estudo, su-
pervisionar as atividades, impor limites através do diálogo e demonstrar interesse pela vida escolar do filho são ações familiares que intensificam os pontos positivos da tarefa.
De fato, a lição de casa tem efeitos positivos para a aprendizagem, mas os bons resultados dependem de um esforço conjunto da escola, do aluno e da família.