Diagnóstico é difícil de encontrar e de lidar

O misto de emoções é rápido. Da felicidade de receber a notícia da gravidez à tristeza de saber que o bebê não se formou e o medo diante de um diagnóstico incomum. A doença trofoblástica gestacional, ou gravidez molar, ainda é pouco conhecida até por médicos. O tratamento e o diagnóstico, de acordo com os pacientes, são os maiores desafios.
“Na mola, ocorre uma anomalia (um erro) na fertilização, que gera uma placenta anormal, causando a falência do desenvolvimento do feto, e pode evoluir para um câncer” – explica o especialista em mola e professor de obstetrícia da UFRJ e UFF, Antônio Braga.
Segundo o médico, ainda não há comprovações do que poderia causar o problema. Entre os sintomas estão sangramento, pressão alta, vômitos e barriga aumentada para além da idade gestacional. Já ter tido mola, ser adolescente ou engravidar com mais de 40 anos são fatores de risco para a doença.
O diagnóstico no início, feito por ultrassonografia, pode evitar complicações.
“Assim que é detectada a mola, a paciente tem que buscar atendimento em um centro de referência. No Rio, é a Maternidade Escola, da UFRJ (em Laranjeiras, na Zona Sul): um espaço para curar corpo e alma” – diz Braga, que, com uma equipe multiprofissional, acompanha ali essas pacientes.
O primeiro passo do tratamento, a ser realizado o quanto antes, é um procedimento cirúrgico de aspiração uterina. Depois dele, a grande maioria dos casos evolui para a cura.
Com o sucesso do procedimento, os níveis de hCG, hormônio da gravidez, que serão monitorados semanalmente, começam a cair.

A dor da perda
Se após a aspiração uterina os índices de hCG não caírem, é preciso um outro tratamento, como quimioterapia. Mas cada caso é avaliado especificamente. Apesar de durante o tratamento não poder engravidar, depois da liberação médica a mulher pode tentar uma nova gestação.
“Na mola, a dor da perda da gestação pode ficar de lado pela possibilidade do câncer. Há ainda o estresse, a ansiedade para medir o hCG” – observa a psicóloga na Maternidade Escola Gabriela Serpa.
Foi assim que a empresária Adriana Bortoloto se sentiu logo após descobrir que tinha a doença.
“Ainda me sentia grávida. Volta e meia vinha uma mão na barriga para proteger algo que meu corpo ainda não tinha entendido que foi embora” – conta ela, que não precisou fazer quimioterapia e teve seus níveis de hCG já zerados.