Condições do clima mexem com a saúde e as emoções

Dias chuvosos e frios favorecem dor física e isolamento social

texto: Ramon Tadeu/infoglobo
texto: Ramon Tadeu/infoglobo

As condições meteorológicas exercem uma grande influência sobre o corpo humano. Foi o que concluiu um grupo de cientistas da Universidade de Manchester, no Reino Unido, que verificaram o aumento da dor crônica em dias chuvosos e sem sol. O tempo também pode provocar alteração nas emoções, apontam especialistas, que relacionam o tempo nublado e frio a reações de isolamento social e tristeza.
Para entender a relação entre o clima e as dores crônicas, os pesquisadores britânicos coletaram informações de milhares de voluntários que mantinham um registro diário de suas dores. O estudo durou 18 meses e apontou que, quando aumentava o número de dias ensolarados, a duração de dores severas relatadas diminuía. E aumentava quando o tempo tornava-se mais úmido e com menos horas de sol.
A exposição à luz do sol estimula a produção de substâncias responsáveis pelo bom humor, como a serotonina e a dopamina, explica a psicóloga e presidente da Solace Institute, Paula Emerick, explica: “em dias mais quentes, luminosos e longos, as pessoas têm mais ânimo para sair e interagir. Estimula-se, assim, o convívio social”.
Já em dias escuros e com temperatura baixa, as reações mais típicas são de hibernação e isolamento social maior.
“Em dias assim, a possibilidade de surgirem mais facilmente momentos de tristeza e solidão aumenta, podendo se converter até no que chamamos de depressão sazonal.” – diz Paula.

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Aplicativo ajuda estudo

Os cientistas da Universidade de Manchester, utilizaram um aplicativo de telefone celular para que os 9 mil voluntários britânicos relatassem diariamente como se sentiam e sofriam com algum tipo de dor. O dispositivo cruzou os dados com as condições climáticas da região em que estava cada participante. Os voluntários eram moradores das cidades de Leeds, Norwich e Londres.
Além das conclusões às quais a pesquisa chegou, especialistas em psicolgia lembram que existe também uma condição à qual as pessoas estão sujeitas em função da mudança de estação: a depressão sazonal.
As características comuns de quem sofre disso são: o aumento de horas de sono, a mudança no apetite e a alteração de humor. Nas mulheres, os sintomas tendem a piorar em função da tensão pré-menstrual.

alguns cuidados para não
ter tempo ruim

1 Beba bastante água: Quando a umidade relativa do ar está baixa, o cuidado básico e que deve ser tomado por todos, em especial idosos e crianças, é hidratar o corpo, bebendo bastante água.

2 Mantenha a casa limpa: Quanto mais seco o clima, mais poeira no ar, aumentando a incidência de doenças respiratórias provocadas por ácaros e fungos.

3 sono mais fresquinho: O ideal é dormir em local arejado e umedecido. Os ambientes podem ser umidificados com toalhas molhadas, reservatórios de água e até umidificadores.

4 Lubrifique os olhos: Para evitar a secura e a irritação do olhos, o soro fisiológico é uma ótima opção. Use colírios apenas com a prescrição de um especialista.

5 Cuide da pele: Para deixar a pele bonita, é preciso lambuzar o corpo com hidratantes e filtros solares, evitar banhos quentes e demorados, além de minimizar o uso de sabonetes em barra, que são mais agressivos, e buchas.

6 prepare-se: Comece uma adaptação, principalmente psicológica, para a mudança de estações.

entrevista

Qual a relação do clima com o corpo humano?
O meio ambiente tem uma conexão direta com as pessoas. Somos seres homeotérmicos, ou seja, nossa temperatura normal varia entre 36 e 37 graus. Qualquer coisa fora disso é desconfortável.

O tempo chuvoso sempre é negativo?
Há pessoas que gostam da chuva e do frio. Elas associam ao aconchego, à família e às boas lembranças.

E quem precisa trabalhar à noite?
Nós fomos biologicamente programados para dormir à noite. O natural é que o organismo fique desregulado, em desequilíbrio. Além disso, o sol é um poderoso remédio natural.

Quais as consequências de ficar acordado à noite?
Fadiga, sonolência de dia, deficit de atenção, de memória e raciocínio, além de predisposição a problemas cardiovasculares e metabólicos.