Terapia genética contra o câncer

FDA dá sinal verde para o tratamento que usa células alteradas

texto: flávia junqueira/infoglobo | foto:  AP/Children’s Hospital of Philadelphia
texto: flávia junqueira/infoglobo | foto: AP/Children’s Hospital of Philadelphia

A Administração de Alimentos e Drogas dos EUA (FDA, na sigla em inglês) deu o sinal verde para a comercialização da primeira terapia genética contra o câncer no país. Com o nome comercial de Kymriah (tisagenlecleucel), o tratamento usa uma técnica chamada CAR-T (sigla, também em inglês, para “receptor de antígeno quimérico de células T”) para introduzir um anticorpo em células de defesa do organismo do próprio paciente, as mencionadas células T de seu acrônimo, para que reconheçam, e ataquem, as células cancerosas.
“Estamos entrando em uma nova fronteira na inovação médica com a capacidade de reprogramar as células do próprio paciente para atacar cânceres mortais” – destacou Scott Gottlieb, comissário (chefe) da FDA.
“Novas tecnologias como terapias genéticas e celulares têm o potencial de transformar a medicina, criando um ponto de inflexão na nossa capacidade de tratar e mesmo curar muitas doenças intratáveis.
Na Administração de Alimentos e Drogas (FDA) estamos comprometidos em ajudar a acelerar o desenvolvimento e revisão dos tratamentos inovadores que têm o potencial de salvar vidas” – afirmou Gottlieb.

Menina com tipo agressivo é curada

O Kymriah e outras terapias que usam a mesma técnica são vistos como última esperança para vítimas de cânceres incuráveis. São casos como o da menina americana Emily Whitehead, que em 2012, aos 6 anos, estava à beira da morte, sofrendo com um tipo de câncer particularmente agressivo, conhecido como leucemia linfoblástica aguda (LLA) recorrente/refratária das células B (outro tipo de célula do sistema imunológico que tem em sua superfície uma proteína chamada CD19, alvo da alteração com a técnica CAR-T).
Tratada com as células T modificadas, Emily, hoje com 12 anos, está livre da doença, assim como 52 outros pacientes que participaram de ensaios clínicos da terapia. O sucesso dos testes levou um painel de dez especialistas, no mês passado, a recomendar por unanimidade à FDA a aprovação do tratamento. Diante disso, a agência reguladora decidiu liberar o uso do Kymriah em pessoas com até 25 anos que estejam sofrendo com a versão refratária da LLA ou episódio de reincidência recidiva, isto é, volta da doença.
Mas apesar de seu caráter ‘milagroso’, a nova terapia deverá continuar a ser encarada como último recurso, já que seus efeitos colaterais podem ser muito severos, e até fatais.