Tailândia – Exótica sem ser óbvia

Vá às compras em busca de gadgets e amuletos

Bangcoc superou Londres como destino mais popular para viagens internacionais, tornando-se a primeira cidade asiática a ganhar essa distinção Foto: divulgação
Bangcoc superou Londres como destino mais popular para viagens internacionais, tornando-se a primeira cidade asiática a ganhar essa distinção
Foto: divulgação

Desconfie se alguém lhe disser que a Tailândia tem cheiro de flor de lótus. Ou fulano nunca esteve lá ou não imagina que a icônica planta que é referência do budismo não tem lá um odor muito marcante. Não se pode dizer o mesmo do país em que a flor é símbolo de fé, onde os sentidos são aguçados a cada passo, tudo parece querer dizer algo, a vida e o viver têm outra dimensão.
Exótica sem ser óbvia, pode-se dizer que a Tailândia é um país em camadas, e a distância é a primeira delas. Seja a geográfica – levei cerca de 23 horas a partir de Guarulhos, via Adis-Abeba, na Etiópia – ou a cultural, que nos hábitos de um povo doce, atencioso e educado revela uma nação que aprendeu a receber muito bem sem olhar a quem. A língua e o alfabeto absolutamente incompreensíveis que nos separam são meros detalhes: ser turista na Tailândia é uma grande barbada.
Não me deixam mentir os quase 30 milhões de visitantes em 2015 (o Brasil, com área 16 vezes maior, teve 6,4 milhões em 2014). Dentre os motivos, posso facilmente listar as praias bem desenhadas, a riqueza cosmopolita de uma capital agitada como Bangcoc e a profundidade com que as pessoas se relacionam com a religião. Sem esquecer do astral leve, a fartura e diversidade gastronômica, os museus que revelam um passado vívido, a crença pulsante em templos budistas icônicos por todos os lados.
A espiritualidade multidimensional, que venera tanto divindades míticas como monarcas vivos, se exibe nas imagens de buda que saúdam os visitantes, bem como nas cores de pulseiras e colares de flores usados como presentes. Por exemplo, todo santo dia, há 20 anos, a floricultora Jantana Boonyakiat leva um buquê até onde o rei Bhumibol Adulyadej, de 88 anos, estiver – seja em seu palácio ou internado no hospital. Eu também fui recebido com pulseiras de flores frescas em dois hotéis onde estive.
Mas não vá pensando que por ser um país acolhedor para o visitante a Tailândia seja de fácil compreensão. Extremamente tolerante, mescla uma intensa prática budista (95% da população e cerca de 40 mil templos) com preceitos de respeito e inclusão. Fui atendido em bares e restaurantes por travestis perfeitamente aceitos na sociedade. A prostituição não é um tabu, muito embora os tailandeses se irritem com a conversão implícita que a palavra massagem também ganhou. Ter o corpo ou apenas os pés pressionados por mãos habilidosas é um ritual de bem-estar mais do que natural por aqui.
Torna-se relativamente econômico descobrir um país em que a gastronomia é, literalmente, um barato. Eis um dos pilares para que a Tailândia, junto aos vizinhos Vietnã, Laos e Camboja, seja um dos principais destinos de mochileiros pela Ásia. Mas não se engane: com o dólar em alta, muitas hospedagens e passagens internas podem ser bem salgadas. Os passeios de barco também não são lá uma pechincha… Vale pesquisar antes de ir.
A começar pela melhor época: afinal, na Tailândia até quando é frio, é quente demais. Não vá de jeito nenhum entre junho e outubro, pois é enorme a chance de chuvas intermináveis durante as monções. Evite o verão, de março a maio – às 9h14 de uma manhã de maio eu pingava de suor no centro da capital -, época em que, no entanto, as passagens estão mais em conta. O inverno, entre novembro e fevereiro, é alta
temporada.
Com cerca de 300 ilhas espalhadas pelo Mar de Andaman e pelo Golfo da Tailândia, o país tem em suas praias e em sua vida subaquática uma das paradas obrigatórias de qualquer roteiro. Algumas como Maya Bay, onde Leonardo DiCaprio protagonizou A Praia (2000) acabam ficando sobrecarregadas. Acredite, há outras tão bonitas quanto. Ainda que visite os três principais centros turísticos (Bangcoc, Chiang Mai e Phuket), como eu fiz, certamente a Tailândia que se revelará aos sentidos de cada um é particular e única.

COMPRAS
Apesar da força da simplicidade budista, a Tailândia também se revela em produtos típicos e no consumismo voraz. De jovens a idosos, moradores desfilam com celulares da geração mais recente, fones de ouvido enormes e monociclos elétricos, um tipo de equipamento de locomoção que exige equilíbrio. O principal point para comprar esses itens é o MBK (mbk-center.co. th), shopping dedicado à tecnologia e à moda. Comparado aos do Brasil, os preços são ótimos.
Modernidade à parte, persiste uma faceta mais tradicional. A feira de amuletos, próxima ao Grande Palácio, é uma joia rara em si, com banquinhas que vendem pequenos símbolos de argila e de metal, com imagens de Buda de milhares de templos do país todo.
Também não deixe de visitar o Pak Klong Tala, mercado de flores aberto 24 horas – e resista se puder à tentação de levar um maço de orquídeas para enfeitar o quarto do hotel.