Sem tempo para a saúde – muito trabalho

Cem milhões de brasileiros não se exercitam, mostra pesquisa

Às seis da manhã o despertador de Afonso Ferro, de 53 anos, toca. A partir daí, ele sai da Ilha do Governador, onde mora, vai para Laranjeiras trabalhar e, à noite, segue para Bonsucesso onde estuda Gastronomia. Volta às 23h30, e mais um dia se foi sem que conseguisse tempo para praticar um esporte ou atividade física. Casos como o dele fazem com que o Rio seja o pior colocado entre os estados quando o assunto é prática esportiva.
Segundo dados do suplemento ‘Prática de Esporte e Atividade Física’ da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2015, apenas 18,9% da população fluminense de mais de 15 anos participou de alguma modalidade esportiva entre setembro de 2014 e setembro de 2015.
Segundo especialistas do IBGE, o mau desempenho do Rio pode estar ligado a fatores como o tempo de deslocamento. No Brasil, a pesquisa mostra que o cenário também é ruim: 76% da população acima dos 15 anos não participaram de nenhum esporte ao longo de um ano.
“Isso pode ter um efeito demográfico. Por exemplo, o Rio tem muitas pessoas idosas e a pesquisa mostra que essas são as que menos praticam. Há uma percepção de que aqui se pratica muito esporte, mas isso acontece na Zona Sul. Se formos para Zona Oeste e Baixada, essa realidade muda. São as pessoas se locomovendo para trabalhar” – diz a gerente da Pnad, Maria Lúcia Vieira.
Segundo Rodrigo Moreira, da diretoria da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a falta de atividade pode ter um custo alto.
“Estamos vendo cada vez mais pessoas obesas, com diabetes, hipertensão e óbvio que isso é reflexo do ambiente em que vivemos, cada vez mais sedentário – diz.