Refluxo afeta cerca de 20% da população brasileira

Texto: Evelin Azevedo/Infoglobo

Aquela queimação na boca do estômago e a sensação de que o alimento está voltando para o esôfago são alguns dos sintomas do refluxo gastroesofágico, doença que atinge até 20% da população brasileira. Segundo Décio Chinzon médico-assistente da disciplina de Gastroenterologia Clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o refluxo é algo recorrente: “é uma doença crônica, muito comum em nossa população. Ainda não sabemos as causas do refluxo, mas ele tem a ver com a genética e os maus hábitos alimentares. Todo mundo tem um tipo de refluxo fisiológico, que não provoca sintomas nem lesões. Passamos a considerá-lo como doença a partir do aparecimento dos sintomas” – afirma o médico.
O refluxo acontece quando o esfíncter, uma válvula que separa o esôfago e o estômago, fica enfraquecida e passa a não funcionar corretamente. Ela abre no momento errado, possibilitando a passagem de ácido gástrico e alimentos de volta à garganta.
“Outros sintomas que podem surgir são tosse, soluços, dor e inflamação de faringe e laringe, dor de ouvido, pigarro e piora da falta de ar, nos casos dos pacientes que têm asma” – comenta a gastroenterologista do Hospital Adventista Silvestre Paula Lopes.
O problema é comum em bebês, que podem apresentar um quadro mais ou menos grave do refluxo.

Câncer

O desconforto causado pelos sintomas do refluxo prejudica a qualidade de vida de quem tem o problema. Mas as consequências da doença não param por aí. Quando não tratada adequadamente, ela pode contribuir para o desenvolvimento de um câncer: “a mucosa do esôfago não é preparada para receber esse refluxo ácido, podendo acontecer desde erosões e úlceras até estreitamento do órgão. Um refluxo crônico pode provocar alterações no tecido que recobre o esôfago, podendo evoluir para lesões pré-malignas e câncer” – relata Paula.
O diagnóstico do refluxo normalmente é feito por meio de um exame de endoscopia. Com as imagens, o médico pode concluir qual é o grau da doença.
“Primeiro, orientamos o paciente a mudar seus hábitos. Depois, inibimos a secreção ácida com medicamentos ou até com cirurgia” – comenta Décio.