Quando a falta de tempo prejudica a saúde

Saiba as consequências da falta de prioridades

Ao se tornar mãe, Aline decidiu mudar de vida completamente e as prioridades mudaram
Ao se tornar mãe, Aline decidiu mudar de vida completamente e as prioridades mudaram

Se você está triste porque o fim de semana está acabando, é porque sua rotina deve ser extenuante e a sensação é a que o tempo nunca é suficiente. Especialistas alertam: há um limite entre o cansaço e os perigos de uma vida com excesso de atividades. Quando se ultrapassa essa linha, a saúde pode estar à prova.
“O estresse se manifesta pela ansiedade, que dá um alarme. O tempo não é o problema, quem tem problema somos nós diante dele. A dificuldade de gestão de prioridades gera angústia. É preciso se organizar. Diminua a quantidade de coisas que faz, guarde o celular para não atrapalhar atividades, trace metas tangíveis” – diz a psicóloga e coach Chris Vilhena.
Para a endocrinologista Emanuela Cavalari, a correria do dia a dia prejudica a prevenção de problemas de saúde e gera sinais como irritabilidade e ganho de peso.
“Na rotina inadequada, pulam-se refeições, sente-se sempre cansado. Os sintomas são perceptíveis” – pontua.
Ser dona do seu tempo. Foi o que a psicóloga Aline Cerqueira, de 35 anos, resolveu tentar. Ela trabalhava com recursos humanos em um banco quando engravidou, e as prioridades mudaram.
“Deixei o emprego para cuidar do meu filho e hoje vendo roupas pela internet. Tinha uma vida corrida, não tinha tempo para nada. Agora, vou ao médico, levo meu filho ao pediatra, faço atividade física” – conta a empreendedora.

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Alexandre Teixeira

Jornalista e autor do livro ‘Rotinas criativas’

O que a sobrecarga de trabalho pode causar?
Um dos grandes fantasmas do mundo do trabalho hoje é o ‘burn out’ (esgotamento, em português). É uma forma de estresse profundo que tem impacto na saúde em um nível fisicamente debilitante, que incapacita a pessoa para trabalhar. O problema é que se cruza uma linha do estresse administrável para o debilitante e só se percebe que passou para o outro lado quando há sintomas físicos. É como queimar um fusível.
Como é a escolha por uma vida menos corrida?
Geralmente, quando se toma um susto, como um ataque cardíaco ou com o término de uma relação, por estar 100% focado no trabalho. Nesses casos, a pessoa acaba reduzindo a carga horária de trabalho e distribui melhor as horas para estar com a família e cuidar da saúde. Às vezes, o jeito é mudar de emprego, ganhar menos. Mas nem sempre é uma decisão possível para quem não tem uma vida financeira confortável.
Há mudanças possíveis?
Sim, entendendo se as várias atividades estão encaixadas da melhor forma nas 24 horas do dia. Se colocarmos tudo que fazemos na agenda, vemos que tem coisa sobrando e faltando. Aí, é só estabelecer prioridades, como atividade física. Se fizer exercício, a saúde e a produtividade melhoram. Irá sacrificar algo, como assistir TV até tarde. Faz muita diferença na rotina colocar no papel o que se faz, o tempo que se gasta e reorganizar as atividades.