Pérolas do Índico – Ao nível do mar

Visite mesquitas, mercados e o mundo subaquático

Visto do céu, o arquipélago de Maldivas se apresenta como uma obra de arte: tela de tinta turquesa com textura de mármore  TEXTO: Cecília Cussioli/ae | foto: divulgação
Visto do céu, o arquipélago de Maldivas se apresenta como uma obra de arte: tela de tinta turquesa com textura de mármore
TEXTO: Cecília Cussioli/ae | foto: divulgação

Cada dia nas Maldivas é um exercício cauteloso de contemplação do fim. Cada dia é uma lembrança da frágil vida à mercê do mar. Vinte e quatro horas a menos no coma vagaroso que vive o paraíso. Dizem que em cem anos as ilhas serão completamente engolidas pelas águas.
Visto do céu, o arquipélago de Maldivas se apresenta como uma obra de arte: pontos brancos pincelados aleatoriamente em uma tela de tinta turquesa com textura de mármore. São como pérolas dispersas sobre a vasta área de 90 mil quilômetros quadrados no meio do Oceano Índico, a 660 quilômetros da costa do Sri Lanka.
Lagoas marinhas de água cristalina, areia branca e fina como talco e recifes de coral, que preservam um ecossistema diverso, encantando quem se aventura a nadar nas águas verde-azuladas. Arraias, tartarugas e tubarões podem ser facilmente encontrados nos mergulhos mais distantes da costa. O arquipélago é destino certo de supermodelos, jogadores de futebol e casais em lua de mel. Turistas intensos, apaixonados e cheios de pressa. Mas que aqui, escolhem as ilhas para desacelerar.
Cada resort nas Maldivas está em sua própria ilha privada. São cerca de cem opções, e a escolha do refúgio paradisíaco determina toda a experiência da viagem, já que raramente o turista é instigado a explorar o lado de fora. No topo da lista, os hotéis mais exclusivos do mundo competem para atingir patamares de luxo cada vez mais altos: de mordomos e piscinas privadas. Há estabelecimentos que apostam na diversão para famílias, outros que exploram atrações para surfistas e mergulhadores profissionais, e os que garantem a calma e a privacidade para quem quer se esconder na natureza.

MICROCAPITAL
Com pouco menos de 160 mil habitantes, Malé não tem mais do que 6 quilômetros quadrados. Mais de um terço da população de 393 mil habitantes vive na capital.
Maldivas é uma das regiões mais vulneráveis à elevação do nível do mar em função do aquecimento global. Pelo menos 80% do arquipélago está a pouco mais de um metro acima das águas, e estima-se que, nesse ritmo, até 2100 se tornará inabitável. Os maldivianos se tornarão refugiados climáticos e a hotelaria estará debaixo d’água. Em dezembro 2004, o tsunami provocado pelo terremoto na Índia devastou boa parte do território do arquipélago. Dois terços de Malé foram inundados e alguns dos principais resorts das ilhas ficaram completamente submersos. Dez anos depois, novos hotéis – ainda mais luxuosos – se estabeleceram na ilha e a capital se escondeu dentro de um muro. O paredão de três metros de altura é a única visão que boa parte dos turistas têm da cidade. O aeroporto, construído em uma ilha própria, facilita o serviço de boas-vindas dos hotéis. Hidroaviões e barcos buscam hóspedes logo no desembarque.

PASSEIOS
Para quem decide passar um tempinho na capital Malé (sim, há hotéis; o site oficial das Maldivas lista vários ‘city hotels’), há dois passeios interessantes. Mas o mar ocupa 90% do território do país, e é nele que estão as atividades indispensáveis.
HUKURU MISKIIY: Visite a mesquita mais antiga do país, de 1656, feita de pedra coral e decorada com escrituras do Alcorão. Construída sobre os alicerces de um templo antigo, o interior é interessante e famoso por seu trabalho de laca fina e esculturas elaboradas de madeira. Um longo painel, esculpido no século 13, comemora a introdução do Islã nas Maldivas.
MERCADO DE PRODUTOS E MERCADO DE PEIXES: Ainda na capital, não deixe de conhecer o mercado onde moradores do país inteiro se encontram para vender produtos de cultivo familiar e importados. Cocos e bananas são os produtos mais abundantes por ali. Outro interessante ponto em que os habitantes se abastecem é o mercado de peixes, próximo ao porto. Peixes, polvos e mariscos são trazidos diretamente da pescaria do dia, fresquíssimos, e limpos em bancas por ali mesmo.
HAMMERHEAD POINT: Também conhecida como Rasdhoo Madivaru, Hammerhead Point é o local de mergulho mais impressionante das Maldivas. Tubarões-martelo, arraias e outros animais de grande porte são visitantes frequentes. Fora das barreiras do recife, a profundidade é de mais de 200 metros de água cristalina. Os mergulhos em Hammerhead geralmente começam antes do amanhecer, descendo por volta das 6 horas para uma maior chance de encontrar os animais.
RESTAURANTE SUBAQUÁTICO: As mesas do Ithaa, restaurante no resort Conrad, ficam dentro de um túnel de vidro, a uma profundidade de 5 metros sob as águas. Serve apenas refeições em formato de menu degustação: quatro pratos no almoço e seis no jantar.