O amor como alimento – aleitamento materno

Dificuldades não devem impedir amamentação; apoio emocional é essencial

Após orientação adequada, Luma conseguiu amamentar a filha Maya texto: Ana Paula Blower/infoglobo | foto: Arquivo pessoal
Após orientação adequada, Luma conseguiu amamentar a filha Maya
texto: Ana Paula Blower/infoglobo | foto: Arquivo pessoal

Entre a expectativa de ser mãe e a realidade, há desafios nem sempre imaginados. A amamentação é um desses momentos, permeado de dúvidas e insegurança. E se o peito doer ou o bebê não ganhar peso, por exemplo? Saiba que obstáculos são comuns nessa etapa, mas podem ser superados com orientações nos 18 Bancos de Leite Humano no Rio.
Foi o que aconteceu com a professora Luma Mattos, de 26 anos. Maya, sua filha de 3 meses, tinha dificuldades para mamar e ela não sabia como ajudá-la. Quando a menina tinha apenas 4 dias, foi ao Instituto Fernandes Figueira (IFF/ Fiocruz), no Flamengo, onde há orientação gratuita.
“Meu peito doía, o leite não saía e a Maya só chorava. A enfermeira fez com que ela mamasse na mesma hora. Só saímos de lá quando as duas tinham aprendido tudo. Hoje ela é profissional” – brinca.
Para Luma, apesar dos dias cansativos de atenção exclusiva ao neném, amamentar é um momento de paz e de aumento do vínculo com a filha.
“Não é só a necessidade fisiológica, mas afetiva” – diz.
Segundo a enfermeira pediátrica do Banco de Leite Humano do IFF/Fiocruz Maíra Domingues, o apoio emocional é essencial para amenizar a pressão caso a amamentação não flua como o esperado.
“Dificuldades podem acontecer, mas não impossibilitam a amamentação. Nosso esforço é para que não desistam. É um investimento na saúde do bebê e delas” – pontua a enfermeira.
A ansiedade diante de comentários da família pode prejudicar. Como são aspectos individuais no aleitamento, só o atendimento especializado ajudará a reparar os problemas.

orientações

Sinais da ‘pega’ correta: Para ver se o bebê mama bem, ele deve abocanhar toda ou quase toda a aréola, e não só o bico (para evitar fissuras). As bochechas, em geral, ficam arrendondadas e não fazem covinha. O lábio inferior do bebê fica voltado para fora. O queixo encosta na mama e o nariz não fica apertado no peito.

Como ficar e o que usar: A melhor posição para amamentar não existe. A enfermeira Maíra diz que é a que for mais confortável para mãe e bebê. Sobre usar bico de silicone para ajudar na sucção, ela não recomenda. Os movimentos musculares da boca no seio são diferentes dos usados nos bicos, pelos quais o neném acaba tendo mais facilidade e, depois, pode não se ‘esforçar’ mais.

Choro e fome: Nem sempre chorar é fome. O bebê pode ter cólica, frio, ou simplesmente, querer colo. O choro é a única forma de o bebê se comunicar nos primeiros meses de vida. O importante é que ele esteja crescendo bem.

Não existe leite fraco: Até uma mãe com desnutrição leve ou moderada é capaz de produzir bom leite. O leite materno tem todas as substâncias na quantidade certa que o bebê precisa para crescer sadio. O do início da mamada é mais ‘ralo’, tem mais água, menos gordura e grande quantidade de anticorpos. Tem também mais vitaminas e sais minerais. O do fim é mais grosso, visto que tem mais gordura e engorda o bebê.

benefícios que a amamentação oferece  ÀS mulheres

Incondicional
A sucção do leite é muito importante, ela estimula a produção da ocitocina hormônio que leva a contração uterina e com isso o menor risco de sangramentos e consequente menor risco de anemia materna, ajudando também a volta do útero ao tamanho normal. Além disso, ele é conhecido como hormônio do amor porque diminui a ansiedade, relaxa, acalma e faz com que a ligação entre a mãe e o bebê se fortaleça.

Se sinta valorizada
O vínculo materno se cria no toque da pele do bebê com a mãe. Ele causa uma sensação de bem-estar, realização e importância na mulher.

Mais bonita
Nos casos de diabetes gestacional, há estudos em que comprovam que o risco das mulheres desenvolverem diabetes após a gestação diminui quando estão amamentando, pois isso restaura a tolerância do corpo à insulina. E é claro que a amamentação consome calorias, o que também ajuda na perda de peso.

Bom para memória
Pesquisas também dizem que a amamentação reduz a probabilidade do mal de Alzheimer, pois normaliza a tolerância à insulina, e há indícios de que a resistência das células cerebrais à insulina pode ser uma das causas do mal.

Fique mais saudável
Amamentar por mais de um ano, reduz as chances de doenças cardiovasculares após a menopausa. Especialistas dizem que a amamentação diminui em 3% ou 4% as chances de desenvolver câncer de mama e ovário, pois causa alterações na menstruação e diminui a exposição da mulher ao estrógeno.

Contraceptivo
Quando o bebê suga o leito do peito materno faz com que aumente os níveis de prolactina, hormônio responsável pela produção do leite que também inibe a ovulação e diminuindo a chance de engravidar enquanto amamenta.

Todos esses benefícios podem ser facilmente atingidos quando se tem o cuidado necessário para manter a sua saúde e também a do bebê, a médica do Hospital e Maternidade São Cristóvão lembra, “os cuidados com o seio materno, areola e mamilo são importantes, caso contrário pode acarretar em inflamações locais e até a fissura com sangramentos”.