Mulheres descobriram o pai já adultas

Elas contam de que forma criaram laços afetivos com o pai

fotos: divulgação

 

A falta de um pai pode causar feridas profundas em meninas que crescem sem o seu calor e a sua proteção. Um possível encontro depois de anos, no entanto, reserva emoções fortes para os corações femininos que reinventam laços afetivos com alguém ausente no passado.
Assim como a Cristina (Leandra Leal) de ‘Império’, que descobriu José Alfredo (Alexandre Nero) como pai e agora passa por um período de aceitação familiar e identificação com o comendador, outras mulheres da vida real viveram a mesma experiência.
“No nosso primeiro encontro, nos olhamos e ele estava vestido igual a mim. Tivemos um choque, comecei a chorar e tentar contar toda a minha vida, como se quisesse resumi-la” recorda Giuliana San Martini Libar, que conheceu o pai aos 19 anos. Para ele, o encontro também foi inesquecível.
“Acho que é uma sensação semelhante a ver uma criança nascendo. A paternidade se tornou real para mim. Nessa hora, pude saber para quem era tudo o que eu fazia na vida” explica o ator Marcio Libar.
Conheça algumas histórias de amor entre pais e filhas, que tardaram, mas não falharam.

 

Elizabeth Marins
Gerente de vendas, 44 anos

“Minha mãe era funcionária da empresa do meu pai e engravidou de mim e depois do meu irmão, mas ele já era casado e não nos assumiu. No ano passado, aos 43 anos, senti uma lacuna na minha vida e decidi procurá-lo. O ‘Cristina’ do meu nome foi sugestão dele. Nunca gostei, mas não sabia por quê. Quando fui ao encontro dele, estava cheia de receio e com um pouco de raiva. Mas, na hora do encontro, a emoção quebrou todas as minhas expectativas e deixamos aquilo para trás. Não tenho mais rancor. Minha família sempre foi pobre. Disse para ele que não queria dinheiro, queria que me reconhecesse como filha, e ele fez isso. Dispensamos o exame de DNA. Achava que ele era arrogante, mas não vi isso quando o encontrei. Ele foi carinhoso e emotivo. Ele teve um câncer há uns anos e me contou que o tempo todo em que esteve internado só pensava nos filhos que não tinha conhecido. Ele enxergava a doença como uma punição.

Giuliana Libar
Empresária, 28 anos

“Meus pais tiveram um relacionamento de três meses, e minha mãe engravidou. Ele queria me assumir, mas meu avô materno falou para ele sumir porque era negro e pobre. A família dela é de uma classe social mais alta. Meus avós queriam que ela abortasse, e minha mãe fugiu para a casa de uma tia, a minha madrinha, que me criou. Ela mentiu dizendo que eu era filha de um namorado que teve na época. Até que em um casamento da família este homem apareceu e, sem saber o porquê, eu pedi para fazer o exame de DNA. Deu negativo. Com 16 anos, jurei que não queria saber mais nada de pai. Naquela época, meu pai fazia 40 anos e foi fazer seu mapa astral. O astrólogo perguntou se ele tinha problemas com filhos e disse que devia ir atrás de mim. O Orkut estava se popularizando, e um tio conseguiu me descobrir usando o nome da minha mãe. Ele me mandou e-mail e fomos nos encontrar. Moramos nove anos juntos. Por um tempo, voltei a ficar infantil de novo. É impressionante ver como a família dele tem o mesmo laço afetivo da família em que eu cresci. Agora acredito em contos de fada”.

Thaíssa Evelyn
Dona de casa, 31 anos

“A minha mãe teve um namoro rápido com meu pai (Jovilson Dantas, na foto detalhe). Ele disse que eu era filha de outro e ela descobriu que meu pai já tinha uma família e que a mulher dele também estava grávida. Minha mãe nunca me fez sentir raiva. Uma vez, me levou, aos 9 anos, para vê-lo. Lembro vagamente de ele me tratar mal. Aos 14, assistindo ao ‘Caldeirão do Huck’, acabei vendo o meu pai participando de uma brincadeira. Vi que morava perto. Decidi que ele teria que me assumir. Foi a melhor decisão da minha vida. Conversei com uma vizinha advogada e exigi que ele fizesse o exame de DNA. Eu tinha 18 anos quando o resultado chegou. Fomos nos encontrar. No primeiro Dia dos Pais com ele, eu escrevi uma carta falando tudo, ainda não conversávamos a fundo sobre isso. Nossa personalidade é muito parecida. Convivemos por cinco anos e estávamos criando uma amizade muito forte quando ele morreu em um acidente de carro. Mas herdei toda a família. Tenho dois irmãos (abaixo) e uma madrasta que é um amor. Hoje, faço tudo para meu marido estar o mais próximo possível da nossa filha, Bruna, de 2 anos”.

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