Menina que nasceu com HIV está ‘praticamente curada’

Criança de 9 anos foi tratada após nascimento e está há 8 anos sem medicação

Segundo o Unaids, cerca de 19,5 milhões de pessoas com o vírus da Aids se tratam com remédios para toda a vida texto: infoglobo | foto: KERRY SHERIDAN/ AFP
Segundo o Unaids, cerca de 19,5 milhões de pessoas com o vírus da Aids se tratam com remédios para toda a vida
texto: infoglobo | foto: KERRY SHERIDAN/ AFP

Uma boa notícia para as pessoas que convivem com o HIV movimentou as redes sociais esta semana. Uma menina sul-africana de 9 anos que nasceu com a doença está “praticamente livre” do vírus da Aids, segundo especialistas. Ela foi contaminada com o vírus pela mãe. A criança recebeu tratamento logo após o parto e está há oito anos e meio sem uso de nenhuma medicação.
De acordo com os médicos na África do Sul responsáveis pelo ensaio clínico do qual a menina participou, essa é mais uma evidência de que o tratamento precoce pode causar uma longa remissão que, se durar, seria uma forma de cura.
“Este é o primeiro caso sustentado de controle virológico de um ensaio clínico aleatório de interrupção de medicamentos, após o tratamento precoce de bebês” – diz um resumo da pesquisa, apresentada em Conferência da Sociedade Internacional de Aids (IAS, na sigla em inglês).
Alguns especialistas, porém, pedem cautela, explicando que o episódio da criança trata-se de um caso raro e que isso não representaria uma cura – apenas que tal possibilidade está próxima.
Ainda assim, é uma esperança para as 37 milhões de pessoas infectadas no mundo, segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/Aids (Unaids).
“O caso levanta mais perguntas do que respostas – diz Linda-Gail Bekker, presidente da IAS.
Segundo o Unaids, aproximadamente 19,5 milhões de indivíduos que têm o vírus da Aids estão sob tratamento. Esses pacientes, normalmente, precisam tomar medicamentos antirretrovirais por toda a vida para manterem a doença sob controle.

Injeção mensal pode deter o vírus da Aids

As atuais terapias antirretrovirais são capazes de conter a infecção por HIV, mantendo a carga viral indetectável, mas, para isso, é preciso empenho do paciente, que deve tomar um comprimido diariamente. Um novo tratamento pode facilitar, fornecendo as drogas necessárias em apenas uma injeção por mês.
Hoje, o tratamento com comprimidos diários é um desafio, pois interrompê-lo pode afetar os resultados e favorecer o surgimento de cepas resistentes do vírus. Já uma injeção de efeito prolongado evitaria isso.

Efeitos colaterais
No estudo, cientistas combinaram duas medicações e alcançaram resultados semelhantes aos das pílulas. Foram relatados, entretanto, efeitos colaterais, como dores no local da injeção e de cabeça.