Mau uso de remédios – insônia
Medicação pode levar à dependência. Mudança de hábito é a saída
O Brasil está em uma posição preocupante (9º lugar) no ranking de países que mais consomem medicamentos contra insônia, sem receita. A pesquisa, da consultoria Euromonitor, mostra que, de 2011 a 2016, houve um aumento de 45% de vendas desse tipo de remédio. Especialistas citam a vida agitada como um dos principais fatores para esse aumento.
“A insônia está associada a doenças físicas ou psicológicas/psiquiátricas, como aumento de estresse e ansiedade. Em um momento de crise, com o desemprego em alta, mais pessoas podem ter a enfermidade e buscar a medicação como saída” – explica Camilla Pinna, médica psiquiatra e especialista em medicina do sono.
A vida agitada, e cada vez menos tempo para dormir e hábitos ruins, gera, além do estresse, maior circulação do hormônio cortisol no corpo.
“O ideal é que a pessoa procure um médico para avaliar a causa da insônia. Ele pode dizer se há necessidade de medicação. Muitas vezes a causa é o comportamento inadequado que pode se ajustar. Outras vezes, não” – diz Luciane Mello, otorrinolaringologista do Hospital Federal da Lagoa.
O uso de eletrônicos próximo à hora de dormir pode inibir a liberação de melatonina, hormônio fisiológico indutor de sono.
“As pessoas tomam melatonina suplementada, e nem sempre é indicada para transtornos do sono. Há certos tipos de medicamentos que são usados sem prescrição pelas pessoas e podem causar dependência. Assim, alguns aumentam a dose para ter o efeito desejado” – conta Luciane.
perda de memória e atenção
Há estudos que indicam que o uso indiscriminado dos remédios contra insônia podem causa perda de memória e de atenção. Pesquisadores ainda não sabem se a interrupção do uso do medicamento pode regredir esses efeitos.
“Alguns desses remédios, como os que necessitam de receita médica, podem criar dependência e fazer mal. Por isso, o indivíduo não deve tomar por conta própria ou pegar a medicação de outro” — afirma Camilla Pinna.
“Há remédios que causam grande relaxamento muscular e, assim, a pessoa pode roncar mais e ter apneia do sono (parar de respirar por alguns segundos).
“Há medicações para dormir que são adequadas, nem todas são maléficas. No meu consultório, a queixa da insônia é a segunda reclamação mais comum “— diz a especialista Luciane Mello.
