Estudos apontam tratamento – remédios e estilo de vida

Exercício e pouca gordura diminuem o risco de retorno da doença

Enquanto estava no hospital, por quatro horas seguidas, fazendo quimioterapia contra o câncer que descobriu em um dos testículos, Vinicius Zimbrão, de 42 anos, só conseguia pensar: “tudo que queria era estar fazendo exercício”.
A atividade física sempre fez parte da vida dele, que é educador físico e seguiu praticando exercícios mesmo durante o tratamento com remédios quimioterápicos, em 2014. Vinicius chegou a criar o #DesafioDoZimbrão nas redes sociais, incentivando outras pessoas a se exercitarem em seu lugar.
Viver inspira a cura. Independente do tipo de tumor e do grau de agressividade, temos que ajudar a nos curar. O exercício físico foi essencial nesse processo – conta.
Hoje, três anos depois do diagnóstico, Zimbrão não tem mais câncer, porém faz anualmente exames para se prevenir em relação a uma improvável, mas possível recidiva.
Mesmo que a doença já tenha se estabelecido, podemos interferir na evolução dela a partir do nosso estilo de vida. Praticar exercício e se alimentar bem ajuda na prevenção de doenças, mas o que estudos têm mostrado com cada vez mais força é que esses aspectos também ajudam a melhorar o prognóstico de quem já está doente, diminuindo risco de morte, de o câncer se espalhar ou de retornar – diz o oncologista Daniel Herchenhorn, coordenador científico do Grupo Oncologia D’Or.
Ele destaca a grande quantidade de trabalhos científicos nessa direção apresentados no Congresso Internacional da Sociedade Americana de Oncologia Clínica.
Pelo menos cinco estudos mostraram que a ingestão de determinados alimentos e a prática regular de atividade física tiveram impacto positivo até melhor do que boa parte dos médicos esperava.

10---Saude---bem30-(2)

O impacto da dieta nos
riscos da doença
Em uma das pesquisas, a análise do estilo de vida de cerca de mil pessoas com câncer de cólon, em estágio 3, mostrou que o grupo de pacientes que manteve peso adequado; fez exercícios regularmente; seguiu dieta rica em vegetais, frutas e grãos; e ingeriu baixa quantidade de álcool e carne vermelha ou processada apresentou taxa de retorno do câncer 30% mais baixa e 42% menos risco de morte, em comparação com pacientes que não seguiram tais hábitos.
Outro estudo, também sobre câncer de cólon, o terceiro mais comum no mundo, revelou que, dos 826 pacientes, aqueles que comeram toda semana no mínimo 100g de ‘nuts’ – castanhas-do-Pará, amêndoas, nozes – tiveram 42% menos risco de recidiva do tumor e 57% menos de morte, se comparados aos que não ingeriram tais alimentos.
Os efeitos benéficos da dobradinha ‘dieta e exercício’ também foram atestados para câncer de mama, de intestino e de próstata e para metástases ósseas, quando o tumor sai do órgão em que surgiu e atinge osso próximo.