Cuidados devem ser redobrados – Diabetes na 3ª idade

Atenção com o cardápio é fundamental para evitar complicações

texto: Agência Carti | fonte: Nova Nutrii | foto: divulgação
texto: Agência Carti | fonte: Nova Nutrii | foto: divulgação

Viver mais e viver bem: este é o desejo da maioria das pessoas. Contudo com o envelhecimento, surgem diversos desafios. Dentre eles, a diabetes é um mal cada vez mais comum na terceira idade. Crescente em todo o mundo, essa síndrome metabólica não é uma decorrência do envelhecimento, contudo tem se mostrado mais prevalente entre aqueles que já ultrapassaram os 65 anos de idade. Somente no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde (Vigitel 2013), a incidência da doença nessa faixa etária ultrapassa os 20%.
A grande preocupação com este fenômeno é que quando não tratada adequadamente, a diabetes pode afetar severamente a saúde em um período que já inspira maiores cuidados. Em suma, os diabéticos devem seguir uma dieta visando o controle glicêmico para evitar as temidas complicações. Contudo, durante a terceira idade, esses cuidados devem ser redobrados, uma vez que necessidades nutricionais costumam ser maiores.

Controle glicêmico x dieta
Na terceira idade, morbidades próprias do envelhecimento e a manifestação de doenças crônicas podem ser agravadas pela diabetes descompensada, tornando o indivíduo ainda mais vulnerável. Para que o diabetes não se torne um vilão e comprometa a saúde do individuo, é essencial manter a glicemia sob controle, ou seja, evitar que a concentração de açúcar no sangue suba ou caia excessivamente. Episódios de hiperglicemia podem desencadear complicações mais severas e até mesmo colocar a vida do diabético em risco, bem como a hipoglicemia.
Quando diagnosticada, a doença requer um tratamento multidisciplinar, que pode envolver desde o uso contínuo de medicamentos, até mudanças significativas no estilo de vida. Neste âmbito, o padrão alimentar é um dos fatores que mais gera dúvidas e receio nos idosos. Diante das alterações próprias do envelhecimento como a dificuldade em engolir e digerir determinados alimentos, a aceitação de alguns deles, e até mesmo a oferta alimentar, seguir uma dieta que propicie o controle glicêmico pode parecer uma tarefa árdua. Porém, com as devidas orientações, é possível oferecer uma dieta prazerosa, e ao mesmo tempo, adequada ao paciente mais idoso.

alimentos mais adequados
Um termo que deve fazer parte do dia a dia dos diabéticos é o índice glicêmico dos alimentos (IG). Ele representa a capacidade que cada alimento tem de liberar açúcar na corrente sanguínea, sendo uma das principais ferramentas dos nutricionistas durante a elaboração de uma dieta voltada para diabéticos. Essa taxa pode variar até 100, sendo que quanto maior o índice glicêmico de um alimento, mais rápido ele será absorvido e metabolizado como glicose pelo organismo. “Isso significa que eles são capazes de elevar rapidamente a concentração de glicose no sangue, propiciando os episódios de hiperglicemia. Devem, portanto, ser evitados pelos que convivem com a doença. O recomendado é substituí-los por aqueles com valores mais baixos, até 55, pois esses alimentos liberam açúcar no sangue mais lentamente, prolongando a oferta de energia e até mesmo a saciedade.” – explica a nutricionista Joana Carollo.

substituições inteligentes
De acordo com profissional da clínica Nova Nutrii, especializada em nutrição clínica, é importante que os diabéticos, bem como familiares e cuidadores responsáveis pelas refeições do paciente tenham conhecimento desses valores. Pois, além de facilitar o controle glicêmico da dieta, esse índice auxilia na diversificação do cardápio e até mesmo na escolha dos alimentos que mais agradam.
Tubérculos: devido às dificuldades de mastigação, idosos costumam optar por alimentos mais macios ou de cocção mais prolongada. Contudo, é importante atentar que alguns carboidratos, especialmente os tubérculos, possuem um índice glicêmico elevado. Neste caso, é possível fazer substituições mais adequadas como, por exemplo, trocar a batata inglesa, que possui um índice elevado, por carboidratos de menor valor glicêmico, como o inhame e a cenoura. Outra dica válida para reduzir o impacto desses alimentos sob a glicemia é combiná-los com alimentos ricos em fibra, como cereais e grãos integrais, pois eles ajudam a retardar a liberação de açúcar no organismo;
Frutas: Extremamente importantes para a dieta, frutas são ricas em vitaminas e sais minerais, portanto devem fazer parte do cardápio também na terceira idade. Alternativas como a maçã, a ameixa e o pêssego são mais adequadas para uma dieta de controle glicêmico, pois possuem baixo IG, ao contrário de frutas como a banana, o mamão papaia e a melancia. Outra dica é, sempre que possível, comer as frutas com a casca, pois as fibras presentes nessa estrutura retardam a absorção do alimento no organismo.
Cereais e Massas: substituir os cereais e massas refinadas pelas versões integrais também é essencial para o controle glicêmico. Por serem ricos em fibras, esses alimentos são digeridos mais lentamente, propiciando uma liberação de glicose mais prolongada. Portanto, é recomendado trocar o pão francês, assim como as massas brancas e o arroz tradicional pelas opções integrais.

medidas de apoio
Seguir as orientações médicas quanto ao tratamento é fundamental, bem como fazer do exercício físico parte da rotina: sabe-se que os músculos ajudam a captar a glicose, portanto, buscar mantê-los ativos e saudáveis beneficia significativamente o enfrentamento da doença. Além disso, ajuda a combater um dos principais fatores de surgimento e agravamento da diabetes: a obesidade.
Em geral, no caso de pacientes obesos, a recomendação é que essa dieta seja também hipocalórica, contudo, em casos específicos nos quais o paciente precisa recuperar seu estado nutricional ou elevar o peso, dietas hipercalóricas podem ser prescritas pelo médico ou nutricionista, inclusive, fazendo uso de suplementos alimentares voltados para o controle glicêmico.
Em virtude das dificuldades alimentares, assimilação de nutrientes ou comorbidades, o tratamento do diabetes pode requerer o auxilio de suplementos a fim de suprir o aporte de nutrientes que não podem ser obtidos exclusivamente através da alimentação. Obviamente, nesses casos é imprescindível a orientação médica, pois somente um profissional de saúde será capaz de adequar às necessidades nutricionais e calóricas ao controle glicêmico por meio da dieta.