Cortar o consumo de carboidratos é uma aposta segura?

É preciso cautela ao fazer mudanças bruscas na alimentação

texto: Agência Carti | fonte: Nature Center  | foto: divulgação
texto: Agência Carti | fonte: Nature Center | foto: divulgação

Na luta contra a balança uma das armas mais utilizadas é, sem dúvidas, a fatídica dieta. Reduzir ou evitar a ingestão de determinados alimentos afim de emagrecer é tão popular que a cada dia surgem novos métodos prometendo eliminar rapidamente os quilinhos indesejados. Mesmo que pouco eficaz a longo prazo, a privação de alimentos ainda é um recurso muito utilizado pelas dietas mais conhecidas. E essa busca pelo emagrecimento rápido é uma das razões pelas quais a dieta das proteínas se tornou uma das mais famosas: com vários adeptos, inclusive entre as celebridades, o método caiu no gosto popular graças a promessa de mobilizar os estoques de gordura de maneira muito mais rápida do que as dietas convencionais. Porém, seria essa a solução mais eficaz e segura para a perda de peso efetiva?

Método revolucionário?
De forma resumida, a dieta hiperproteica popularizada pelo método Dukan, baseia-se no aumento considerável do consumo de proteínas, principalmente de origem animal e, em um primeiro momento, na redução drástica do consumo de carboidratos. Dessa forma, seria possível causar um choque no organismo e ativar a queima dos depósitos de gordura. Um dos grandes diferenciais se deve a possibilidade de comer livremente uma gama de alimentos e, ainda assim, ter uma perda de peso considerável logo nas primeiras semanas.
Dividida em fases, que progridem da mais restritiva para mais branda, sua essência não é nenhuma invenção milagrosa – através da redução do consumo de carboidratos, o corpo recorre às outras fontes de energia, inclusive o tecido adiposo. De acordo com a nutricionista Sinara Menezes da Nature Center, isso acontece porque a glicose é a principal fonte de energia do organismo e os carboidratos, por sua vez, são a principal fonte desse nutriente. Com a queda na ingestão de carboidratos, há também uma queda na oferta de energia imediata, forçando o organismo a buscar alternativas para manter-se ativo.
Porém, ao contrário do que muitos imaginam, esse mecanismo não é tão simples, com uma queima ‘automática’ de gorduras. “Diante da privação de energia, o organismo recorre aos estoques metabólicos de forma ordenada e, em casos extremos, queima inclusive os próprios músculos – logo, se não seguida com cautela, a perda de peso promovida pela dieta pode não ser um emagrecimento qualificado.” – explica a nutricionista.

Perda de peso rápida x
Emagrecimento efetivo
Embora a mudança no espelho seja perceptível e relatada por milhares de adeptos da dieta logo nas primeiras semanas, é preciso entender o que está por trás dessa perda rápida de peso: com a privação severa dos carboidratos, característica do início da dieta, o organismo não tem sua principal fonte de energia rápida e passa a recorrer às reservas energéticas. Contudo, nesse momento, o corpo não irá quebrar somente a gordura, mas também o glicogênio – outra forma do organismo estocar substratos.
O grande problema é que cada grama do glicogênio concentra cerca de 3 gramas de água, ou seja, quando utilizado, o organismo também entra em um processo de perda de líquidos. Logo, por mais que exista uma perda de peso maior na fase conhecida como ‘ataque’, isso não significa que todos os quilos eliminados sejam resultado da perda efetiva de gordura: a mudança na balança também é resultado da perda muscular e dos líquidos presentes nos tecidos – o que não é saudável para o organismo a longo prazo. A redução qualificada do percentual de gordura acontece em um ritmo muito mais lento nas fases seguintes da dieta que, além de durarem muito mais tempo, exigem a mudança permanente de hábitos.

O que vale a pena na dieta

Apostar nas proteínas para perder peso é uma opção válida, porém, sem extremos. Neste âmbito, a especialista aponta que é possível incorporar ao dia a dia alguns ‘mandamentos’ da dieta hiperproteica que podem de fato beneficiar o emagrecimento, porém sem abrir mão de um cardápio balanceado:
• Beba muito líquido: além de essencial para manter o bom funcionamento do intestino, manter-se bem hidratado beneficia o emagrecimento.
• Inclua farelo de aveia no cardápio: além de rico em vitaminas e sais minerais, o grão é uma ótima fonte de fibras betaglucanas – um tipo de fibra solúvel que promove a sensação de saciedade e auxilia no controle do apetite.
• Aposte nos alimentos funcionais: os termogênicos, aliás, têm espaço garantido nessa dieta e podem fazer parte do cardápio balanceado de quem quer secar alguns quilinhos.
• Evite o sódio e o açúcar: reduzir o consumo de produtos industrializados e controlar o uso de sódio e da sacarose na alimentação diária é fundamental para o emagrecimento.
• Proteínas + exercícios físicos: as proteínas são importantíssimas para a construção dos tecidos, em especial os músculos. Para quem deseja emagrecer, investir no fortalecimento da musculatura é uma boa forma de aumentar o gasto de calorias mesmo em repouso, pois quanto mais massa magra você tiver, maior será a taxa metabólica basal.