Como não padecer sozinha no paraíso da maternidade

Terapeuta dá dicas para família ajudar a nova mãe

Do que você precisa? Essa é a pergunta dos sonhos de uma geração de mães que decidiu não padecer mais no paraíso ou, pelo menos, não sofrer mais calada. Desde que o “Desafio da maternidade” foi lançado no Facebook – um convite para postar fotos de momentos bonitos com os filhos – a polêmica explodiu. Quem expôs o lado menos lúdico do dia a dia com um bebê acabou recebendo críticas.
“É totalmente normal que uma mulher sinta uma nostalgia pós-parto. É uma tristeza normal que, se não for embora, pode se tornar depressão”, explica a psicóloga especializada em terapia familiar Luciana de la Peña.
Fotógrafa e militante pelos direitos da mulher, Bel Junqueira lembra que a visão da maternidade tende a ser romantizada: “ninguém fala sobre a realidade. As mulheres têm tanto medo de serem julgadas que muita gente mente até para si mesma. Eu amo quem eu sou hoje, todas as escolhas que fiz, o novo objetivo de vida que a maternidade me trouxe, mas se disser que não tenho saudades da vida anterior, estaria mentindo. Tenho saudade da liberdade”, diz a mãe de Antônio, de 3 anos.
Segundo Luciana, o apoio da família é muito importante para as novas mães: “existe a perda da liberdade. Não só a mulher acumula um papel tão importante como ninguém mais a olha como mulher, só a vê como mãe do bebê. Há uma criança dentro da mulher que perde. É preciso perguntar a ela: do que você precisa? A família e o marido têm que prestar atenção, ter carinho com essa mulher. E não fazer mais e mais exigências”.

blog

Atriz e professora de teatro, Débora de Magalhães, de 27 anos, deu à luz aos 23. Prestes a acabar a faculdade e começar o mestrado, adiou os planos profissionais. Mas conseguiu colar grau. Com o filho nos braços: “até hoje, só vejo mães tentando satisfazer o padrão, nunca vi ninguém conseguir. Se você está magra, criticam porque você dedica tempo demais ao seu corpo. Se está acima do peso, não cuida da saúde. Eu curto muito a maternidade. E, mesmo assim, eu me sinto às vezes sobrecarregada, cansada, sozinha… – reconhece a atriz, autora do blog “A melhor mãe do mundo não sou eu”: “quando entendi que eu não era a melhor mãe do mundo, a minha vida melhorou 300%. Tentei ser, fazer com que a sociedade me elogiasse. Quando entendi que não ia conseguir, e que estava tudo bem, que meu filho estava feliz, fiquei em paz. Depoimentos são vitais para que a gente construa nossa visão do que é ser mãe”.

10---Comportamento