Brasil, um país deprimido

País tem o maior índice de depressão da América Latina

texto: Evelin Azevedo/infoglobo | foto:  AP/Children’s Hospital of Philadelphia
texto: Evelin Azevedo/infoglobo | foto: AP/Children’s Hospital of Philadelphia

O Brasil possui o maior índice de pessoas com depressão entre os países da América Latina, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 11 milhões de brasileiros sofrem com esse mal. E as mulheres são as mais afetadas. A doença, porém, mostra-se mais letal entre os homens, grupo em que a taxa de suicídio é maior, segundo a cartilha da Associação Brasileira de Psiquiatria. Transtornos de humor, como a depressão, são diagnosticados em 36% das pessoas que se matam, o que comprova a gravidade da doença. Em mais de 90% dos casos de suicídio, a vítima apresenta transtorno mental.
“O suicídio é o resultado de um período de grande sofrimento, e não uma escolha lúcida entre a vida e a morte. Os homens sofrem mais pressão para quem se mostrem fortes e tendem a procurar menos ajuda do que as mulheres” – explica o psiquiatra José Alberto Del Porto, pós-doutor pela Universidade de Ilinois, em Chicago.

prevenção

Visando a abrir o debate e a desmistificar o assunto, a campanha Setembro Amarelo foca na prevenção do suicídio. Estima-se que quase 12 mil pessoas tenham se matado no Brasil somente no último ano, número superior ao de brasileiros que morreram em decorrência da Aids, por exemplo.
“Esse movimento quer falar mais abertamente sobre um tema de Saúde Pública. Queremos colocar na mesa um problema que existe e que não pode ser deixado de lado – afirma Robert Paris, presidente do Centro de Valorização da Vida (CVV), que organiza a campanha junto da farmácia Pfizer.

Mortes que poderiam ser evitadas

Além da depressão, problemas como a dependência de álcool (23%), a esquizofrenia (14%) e os transtornos de personalidade (10%) são diagnósticos encontrados em vítimas de suicídio.
“Falamos de doenças para as quais existem tratamentos, o que significa que o suicídio, em grande parte, pode ser prevenido” – diz o diretor médico da Pfizer, Eurico Correia.
Atrelados a isso, existem fatores de risco, como poucos vínculos sociais, solidão e traumas, bem como doenças não psiquiátricas, entre elas o câncer, que podem desencadear a tentativa de suicídio. Del Porto orienta levar urgentemente ao psiquiatra a pessoa que tem sintomas de depressão (desânimo, insônia, falta ou excesso de apetite): “é preciso inserir o paciente em um projeto de tratamento, que nunca é apenas farmacológico. Ele é baseado em psicoterapia, acompanhamento médico e apoio da família”.