Audição, dormir com um barulho desse

Zumbido aflige 30 milhões de brasileiros e é sinal de algum problema

texto: evelin azevedo/infoglobo | foto: divulgação

Apito, chiado, barulho de cigarra, grilo, abelha e até de cachoeira, motor, sirene e panela de pressão. Sons comuns no cotidiano, se ouvidos de forma persistente mesmo sem a presença da fonte do ruído, podem ser sinal de que a saúde não vai bem. O problema gera irritação, dificuldade para dormir e desconforto para cerca de 278 milhões de pessoas no mundo, estima a OMS. No Brasil, são quase 30 milhões.
“Estudo zumbido desde 1994 e percebi que havia muita falta de conhecimento, mesmo dentro da medicina. A ideia foi trabalhar diretamente com a população. Levando informação, as pessoas procurariam médicos para se tratar, e isso despertaria neles a necessidade de estudar o assunto,” revela a otorrinolaringologista Tanit Ganz Sanchez, idealizadora da campanha.

Muitas causas possíveis
Os ruídos podem ter inúmeras causas, de doenças como diabetes, hipertensão arterial e alterações metabólicas até longa exposição a sons em volume alto. O zumbido em si não é uma doença, mas sintoma de que há algum problema com seu corpo.
“Ele é produzido dentro do ouvido interno e provocado pela hiperatividade das células auditivas. São células que estão extremamente estimuladas e acabam produzindo estes ruídos que as pessoas percebem dentro da cabeça. É importante que as pessoas procurem ajuda médica de várias áreas para identificar a causa. Ele é um dos primeiros sinais de perda auditiva” – explica Marcella Vidal, fonoaudióloga da Telex Soluções Auditivas.
A desconcentração provocada pelos ruídos é a maior queixa de quem lida com o problema. Mas há soluções possíveis.
“Existe uma tecnologia que trabalha com o cérebro para que ele não preste atenção no zumbido, mascarando o ruído. E há também um treinamento auditivo para evitar desconcentração”, diz a fonoaudióloga Cintia Fadini.

Problema atinge adolescentes
O índice de adolescentes que sofrem com zumbido é crescente. O fato foi constatado na pesquisa ‘Prevalência e Causas de Zumbido em Adolescentes de Classe Média/Alta”, realizada pela Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Zumbido, da Faculdade de Medicina da USP.
Mais da metade dos adolescentes (54,7%) entre 11 e 17 anos informaram que, nos últimos 12 meses, notaram ruído. Desses, 51% disseram que perceberam o zumbido logo após usar fones por muito tempo ou ao saírem de um ambiente barulhento. Já testes auditivos revelaram que 28,8% dos adolescentes sentiram zumbido em níveis comparados aos de adultos.
“É muito importante que as pessoas tomem cuidado com a exposição sonora. Nos momentos de lazer, dá para controlar o volume do fone de ouvido, usar um protetor auricular em baladas e festas – orienta Tanit.